2011-03-09
Arsénio Pires - Porto
Meu caro Gaudêncio:
A falar é que a gente, às vezes, se entende.
E ainda bem que nós nos entendemos.
Se eu me alegrei porque, com o Saramago, morreu um pouco do comunismo, com a morte dele fiquei muito triste e mais pobre porque morreu um grande escritor e cultivador da nossa língua.
A alegria pelo pouco que nele morreu não compensa a tristeza pelo muito que, na morte dele, deixou de existir.
Era isto que queria dizer.
Para além de pensar que ele estava muito acima da mediocridade vigente no Partido Comunista Português.
Se quase todos os homens merecem ser eternos, José Saramago (como o nosso Zeca Afonso) nunca deveria ter morrido.
Quanto ao comunismo como filosofia política, ou seja, quanto ao marxismo, podemos um dia falar. Tenho para comigo que o marxismo, como teoria política-económica-social foi e será sempre um fracasso na prática. O materialismo dialéctico é, em si, uma teoria manca, perneta. O Homem não é um animal de aviário cuja aspiração de felicidade se resume a encher o bandulho a horas certas. O Homem é bem mais do que só matéria.
Bem. Falaremos um dia.
Um abraço amigo.
P.S. Penso que a tua saúde já vai melhor, não?
Arsénio