2011-11-20
JMarques - Penafiel
Há dias que me encosto ao meu portátil para perceber uma brecha que me atire para o diálogo aberto nesta rubrica.
A subida ao púlpito do colega Aventino Aventino, em tom de sermão antoniano com retoque poético, levou-me a subir alguns degraus e escutar a sua pose magistral:
“Não azedeis, meus caros companheiros.
Ainda há, neste nosso silêncio do fim da tarde, uma luz coada p'ro nosso entardecer.”
As gotas acidulentas da sua poesia batem em alguém. Mas estanca a contenda.
Vamos, que o tempo urge. Deixemo-nos de queixumes que a vida não tem intervalos.
Comam, bebam, verborreiem!
Mas não pretendam gerar contenciosos à moda da Beneton pois Roma não tem humor e a marca apenas deseja publicidade. Beijos daqueles são coisas de Leste, ainda pensam alguns.
Ando arrediço, pensarão outros. Os mesmos outros dirão: “para dizer o que dizes mais valia estares calado e deixares-te quietinho no teu sítio.” Mas é preciso dizê-lo, como refere o nosso colega do Porto.
Meus amigos de longe: pela janela já vejo o frio gélido. Esfrego as mãos de alguma ansiedade, também. Os ritmos de vida divergem, as velocidades estafam. Coço-me de nervoso.
Entretanto lembro aquele padre francês que envergonha tanta gente pelo que faz, mais que pelo que diz, pois tantos dizem.
Às vezes ainda penso que quando for grande quero ser como ele, que curiosamente acredita em Deus, porque para ele não é incómodo acreditar, sustenta-lhe a vida.
Um dia que regresse poderei acreditar, hoje não sei. Descansa-me pensar que Deus não existe, talvez como a tantos ateus falsos deste nosso mundo.
Os comentários seguintes não os percebi. Também não sei se são para perceber. O sentido das coisas pode ter cheiro por vezes, mas não o sinto.
Um abraço ao Castro e ao Presidente que serão as caras que eu lembro e mesmo assim ainda vou saltando por aqui. De longe. Quando escrevo estou perto.