2019-01-09
ANTONIO GAUDENCIO - LISBOA
O Vieira tem razão : durante esta quadra dominada pelo mercantilismo, cinismo, falsa alegria e solidariedade fingida, ninguém piou neste espaço. Não nego o meu desencanto e se pudesse, no princípio de Dezembro de cada ano, abria um parêntese no calendário e saltava logo para o 10 de Janeiro do ano seguinte. Feitios.......
O curioso é que havia material suficiente para falarmos entre nós pois desde o texto do Adolfo, à resposta do Arsénio (ambos excelentes), do relato cheio de amizade e de humanismo do José Castro até à história de vida contada pelo Luís Guerreiro, os temas eram aliciantes e convidavam ao devaneio.
De entre esses textos, sem qualquer falta de consideração pelos outros, vou dizer alguma coisa sobre esse relato de vida que o Guerreiro nos mandou. Podia ser o capítulo de um romance dos vários que escreveu mas assim, contado na primeira pessoa, este resumo da sua vida provocou seguramente reações várias em alguns dos companheiros que com ele privaram na Quinta ou em Castelo Branco. Eu apenas o acompanhei na Barrosa e, fazendo uso das minhas memórias e sem qualquer concessão à amizade, declaro que só tenho excelentes recordações dele. Nem um ponto negativo me ocorre para citar. Tivemos nós a sorte de nos acompanharem, nos últimos quatro ou cinco anos passados na Quinta, dois prefeitos e professores que eu considero de cinco (5) estrelas : O Guerreiro e o Sameiro. Homens que, diferentemente de outros, nos ensinaram, com o seu exemplo e a sua palavra, a olharmos a vida de forma mais natural.
O texto do L. Guerreiro, a que eu chamaria a " História de um Homem Bom " num hipotético romance que eu escrevesse, está narrado com muita humildade e delicadeza mas é omisso sobre as convulsões interiores que deve ter sentido aquando da passagem de uma vida resguardada para a vida civil. Mas eu também não estou interessado em saber pois é uma coisa do seu foro íntimo.
Temos, assim, duas pessoas que, despindo uma a batina e outra o hábito, refizeram a sua vida fora da Igreja, viveram com dignidade, respeitaram as regras da sociedade e foram felizes.
A Irene foi, seguramente, uma excelente esposa e companheira para o Guerreiro que, bem ancorado, já fez o que se exige a todo o homem : fazer um filho, escrever um livro e plantar uma árvore.
Aos dois saúdo com muita amizade e desejo uma longa vida .