fale connosco


2019-11-07

manuel vieira - Esposende

Há uns bons meses o José de Castro remeteu-me 3 textos manuscritos do nosso colega já falecido Albino Lopes, que connosco partilhou algum do seu tempo, estabelecendo-me o compromisso de um dia os publicar, se bem o entendesse.

Pedi à minha filha que os transcrevesse para word, para assim ser mais fácil essa partilha e cá vai o primeiro:

 

Diálogos com o Luiz

 

L – Ó Bino, Bino! – Estou sempre à espera que chegue Sábado. Sei que vens. Falamos, jogamos e rimos.

B – Nem sempre sinto vontade de rir… contigo, rir dá-me vontade de rir.

L – Ris de mim?

B – Rio contigo!

L – Vais atirar-me ao rio?

B – Um dia farei – para aprenderes a nadar.

L – Gostava! E às vezes sonho, Bino – o que é sonhar?

B – Sei lá… esperar e acreditar.

L – O que é acreditar?

B – Não sei explicar… é como respirar fundo, medir e sentir – ser capaz!

L – Não percebi.

B – É! Calma! Agora vamos aos matraquilhos.

L – Sei que hoje vou ganhar. Sinto tão bem a tua mão – está transpirada…

B – Tem calma – passa tudo quando começar. Vou-te confessar – sinto a tua falta.

L – Porque a semana tem sete dias?

B- F…da – se – Vamos jogar!

 

L-Luiz

B-Bino (Albino)

2019-11-03

Aventino - Porto

VOU PARA SUL

Estão a ver bem? Sim? Ah! Ok.

Tenho algumas dificuldades no atrevessar a ponte d' Árrabida, para sul:

1. o meu pai foi um dos tripeiros que barrou o caminho aos automóveis aquando da inauguração da Ponte D'Árrábida. Sabereis, com certeza, que o magano António, sim, sim, o Botas, fixou uma portagem para quem quisesse atravessar a "Ponte". Azar. teve azar. O POBO, chamando POBO ao POBO da INVICTA (antiga, mui lobre, leal e invicta cidade do Porto) ajuntou-se por sobre o asfalto e, queres passar?, queres? vai passar pro c...e o meu pai lá estava.

2. Para sul da Ponte D'Arrábida, é tudo comunas. E como levei porrada da comunistada, como sofri um tentativa de saneamento pela simples razão de não ser comuna, como eles são todos tão feios, tão mal amanhados, tão barbudos, e como elas são tão acigarradas, tão avinagradas, tão mal coisadas, fiquei fobicomuna. Mais três ou quatro dias, estaremos livres dessa matilha.

3. A sul encontro-me com o sol e a minha mãe, Tino, Tino, já p'ra casa, e o sol tisnava-me, queimava o branquelas, o magricelas, o enfezado, o palito, e tudo o que os doces beijos da minha mãe encontravam para me afagar no seu colinho e para me trazer para casa.

MAS vou p'ra sul. Não há nada MAIOR do que um abraço do ALEXANDRE, deste SENHOR de que todos os AAR'S se orgulham.




2019-10-29

Alexandre Gonçalves - Palmela

 

OUTONALIDADES  2019 

 

Viajantes Deste Jardim Litoral

A doçura pluvial de novembro caiu sobre as nossas inclinadas vidas. Há quantos anos foi o verão passado? Que ninguém conte nem os dias nem os meses. Seria uma contagem ilusória, pois ignoraria as sucessivas emoções que perpassam pela vida. É o tempo e o vento que, numa simbiose obscura, arrastam este navio para longe. Num olhar imediato, nem se move. Parece quase parado na repetição distraída dos nossos actos. Se insistirmos, veremos que o navio já se extingue na distância. Assim a duração de um ano, entre dois novembros.

Para nos opormos a essa vertigem, ritualizámos a memória, que através de encontros actualiza o passado, do qual se diz que é passado e que portanto não volta. Há aqui uma liturgia dos sentimentos. As palavras antigas voltam. A amizade não se perdeu nos caminhos nem em divergências. Um aceno simbólico e oportuno chama por nós, numa convocatória silenciosa. Sorrimos e dizemos:não, não posso faltar. Ó mulher, arranja lá isso!  Estamos convocados. Fixa a data. Eu não me importo de não comparecer aos exercícios religiosos. Mas nestas datas, contem comigo! (Perguntem ao Meira!) Tenho a memória em plena actividade. O tempo circular parece que leva mas tabém traz. E o que traz faz esquecer o que leva. E prolonga-nos a vida e aumenta a(s) vitalidade(s).

Pois é. Estou a falar do dia 16 de novembro, que. de acordo com a nossa tradição, é o primeiro sábado a seguir ao  S.Martinho. Do santo já sabemos tudo e retemos dele em especial a bênção que ele dá à vida enquanto festa. Das muitas ausências e distâncias chegam nomes em vias de esquecimento. Como estamos ainda acordados e propensos para a sabedoria, instituímos este lugar como um templo, um culto, um conjunto de gestos e atitudes onde celebramos as muitas idades que já tivemos. Castanhas e vinho de novembro presumem afectos e saudades. Por cada taça que levamos à palavra, o coração agita-se de lembranças que se atropelam umas às outras. A mesa está cheia de sentimentos que se  comem. O tempo acelera a tarde. Sem darmos por isso, o fogo do poente, entre cedros e casuarinas, pede o V(B)iv(b)at. Cantamos o abraço final e até novembro de 2020!

 

PS/O convite é para todos: gregos, troianos, ateus, piedosos, clérigos e anti-clericais, Senhoras e Cavalheiros. As regras são as dos outros anos. Não se esforcem por trazer vinho. Seria um acto néscio. Aqui esse líquido espiritual corre pelas ruas inclinadas. A recolha só exige recipientes adequados. Não abusem nas quantidades seja do que for. O que sobrar tem retorno obrigatório à procedência. As portas abrem às 10h e os seguranças estão de folga. Captivem o dia 16 e façam a melhor viagem possível|

 



2019-10-01

ANTONIO GAUDENCIO - LISBOA

Contando com a autorização postcipada do Aventino, subscrevo aqui, integralmente, as palavras dele.

Amen 

2019-09-30

Arsénio de Sousa Pires - Porto

Meu querido monte Aventino onde talvez Nero se tenha sentado para beber Roma a arder!

Da lira que ele tangeu, não restam harpejos. Nem do poema que ele teceu, pés ou versos foram cinzelados.

Um poeta, que não imperador, cantava: Quem vive do passado é museu!

Aceitemos os dias que passam como a espuma nos rios que correm. 

Não vale a pena morrer assim tão cedo.

Finjamos que somos jovens... enquanto há tempo. 

Um pouco de tempo apenas. 

Só. 

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