2011-12-04
Arsénio Pires - Porto
Vamos mudar de assunto, não acham?
Então, aí vai.
Há dias vi esta pergunta ser feita a certas personalidades:
- Qual foi a melhor prenda de Natal que recebeste na tua vida?
Vai daí, pensei:
E se eu propusesse este tema no portal dos AAAR?
Já sei que não vamos ter respostas (é o costume… mais assistentes que jogadores, como convém!) mas eu atrevo-me a mostrar aqui a minha.
Não me lembro que idade teria mas andaria por volta dos 4 ou 5 anos.
Os meus Pais (nunca sei distinguir se foi ele ou ela quem mais me amou…) deram-me, na Noite de Natal, duas pinhas de pinheiro manso. Sei que devo ter ficado de olhos esbugalhados pois o meu espanto advinha do facto de eu não saber bem o que aquilo era. É que, naquela época antes da florestação ordenada por Salazar, na serra do Minheu onde a minha aldeia está enterrada, não havia pinheiros. Só carvalhos, freixos, salgueiros, vidoeiros, amieiros e castanheiros. Nem árvores de fruto, tal é a hospitalidade do frio e da neve que por ali crescem sem rega nem sega.
Perante o meu espanto, certamente esperado pelos meus pais, veio a informação:
- É daqui que nascem os pinhões. Lá dentro tens pinhões para jogarmos logo à noite ao “Rapa-Tira-Põe-Deixa”. Para os tirares, faz assim: Coloca essas pinhas nas brasas da fogueira e, quando já estiverem quase a arder, empurra-as para fora e, com uma pedra, vais batendo nestas casquinhas a começar por baixo. Debaixo de cada casquinha destas está um pinhão! Guardas os pinhões todos e logo jogas connosco!
Assim fiz e, hoje, ainda descasco essas duas pinhas sempre dentro de mim.
Porque de pequenas coisas se faz a riqueza do Amor.
Nos Natais da Quinta da Barrosa lembrava-me sempre destas pinhas.
Em todos os Natais da minha vida lembrei-me sempre destas pinhas.
E dos meus Pais!
Porque a ausência maior é sempre a daqueles que mais nos amaram.
Este é o meu postal para todos vós!