ÀS vezes venho aqui beber e evito entrar. Não significa que não aprecie, mas vejo gracejos quase à maneira camiliana, que matam; ou ilustrados comentários à crença católica que, não pretendendo ser católica romana quer ir além, porque vanguardista de uma nova modernidade, que também já não o é, mas uma pós-modernidade travestida de muitas cores. Difíceis e insondáveis sãos os caminhos do Senhor. Este é talvez o comentário que mais arreda o pessoal.
Depois vêm os textos poéticos e de prosa poética dignos de antologia e todos os não-poetas se acanham, porque evitam meças, pois estes novos homeros beberam de Hesíodo, o dos trabalhos e os dias. São poetas maduros que beberam de águas mais inspiradas que hipocrene: sadinas, cuenses, arcuenses, limianas, durienses e mais enses..
Depois vêm em cachão os comentários pantagruélicos que, para quem come para viver tem vergonha e medo de meter a foice nessa seara de gostos tão policromados que, de sabores hiperbolizados só por efeito de sinestesia.
Há ainda quem recorra a Dionisos, a eros, (phalos) para opô-los a Marte (Júpiter, Prometeu (Titâs) e outos tantos deuses e mitos guerreiros). Mas sobretudo o deus aqui mais esgrimido ainda é o Aplolo (logos) radioso. É na polémica e tramóia deste e com este deus que a controvérsia se instala e este espaço, umas vezes, atrai e outas vezes afasta. Não há hermenêutica possível para estes textos. Nem o Paul Rcoeur do "qu'est-ce que c'est un texte?" ou o do arco hermenêutico e outros quejandos se entenderia. É um antes do Petecostes e um after Babel interminável que as várias lalias não têm jeito de se entender. Mas não estou muito desencantado, pois a própria economia, agora avança a passos largos para a "ciência" especulativa, já não ha progósticos possíveis. Mas homem é assim, vem de humus, terra e lama, material do que é feito, porque o importante foi o fabricante, o ceramista que ventou um "pneuma" nesta entidade falante, "rema" e sempre com corda inspirada.
Há uma substância - um hipokeiménon aristotélico - que não nos deixa sossegados: a fé religiosa seminarística. E aquilo que começou por ser a razão do nosso encontro no seminário - essa mesma razão coloca-nos em espaços de diferentes barricadas: quem não é por mim é contra mim.
Alguns aqui são denodados de apolo e querem convercer, persuadir a uma fé que mal se vislumbra. Os tomés levantam-se do sepulcro, os corajosos da palavra falam, esgrimem argumentos que nem aos próprios convence quanto mais aos outros; outros tomés receiam falar, pois este areópago não lhes responde aos seus anseios ou nunca foram tocadas, bafejadas pela eleição divina: não foste tu que me escolheste, mas fui eu que te escolhi. A fé é um dom. Que confusão tão grande vai na minha cabeça.
Isto para quem quer ler textos diferentes e de outros autores, então divirtam-se com o meu, que fui escrevendo - corrente calamo.
Companheiro Martins Ribeiro:
1. Se é verdade que, como dizia Darwin, “a função cria o órgão”, teremos que concluir também que a disfunção do mesmo contribui para a morte dele.
Vem isto a propósito da pouca participação dos nossos colegas neste espaço de diálogo. Somos sempre os mesmos!
Será que os chamados “participantes de bancada” estão já descerebrados?
Aqui fica a pergunta?
2. Apesar de sermos sempre os mesmos, os teus textos são sempre dos que deixam marca na alma. Por mim falo.
Do “fundo de verdade” dos mesmos eu não duvido pois que toda a ficção parte da realidade. Mas, a mim, agrada-me a poesia que deles transcende. Como dizia o grande poeta Novalis, “quanto mais poético, mais verdadeiro”. É por isso que, quando for aos Arcos tomar uma “bebida quentinha”, por favor não me leves ao tal café onde mora a Beleza. Prefiro a tua poesia!
3. A tal Beleza, para mim, veste de azul. Celeste. Sem asas!
Estimado companheiro Arsénio:
todos os textos que escrevo têm a sua razão de ser e o seu fundo de verdade, como sucedeu com este último. Encaro-os como um devaneio que ainda perdura nos tempos derradeiros de uma longa vida; para meu encanto, digo eu. Mas peço-vos que me não verbereis a tendência porque entendo que ela não faz mal a ninguém e, pelo menos, ajuda-nos a apreciar a Beleza. Acho que Eros é bem mais agradável de seguir do que Marte porque aquele perdura pela eternidade e o este acaba quando nela damos entrada.
Diz muito bem que, agora nestes dias enregelantes, uma bebida quentinha, seja de que espécie for, é sempre agradável; porém, sendo tomada aqui nos Arcos, pelo menos para mim, tem outra ênfase, por razões óbvias e, certamente, muito mais aprazível se tornaria na companhia de grandes amigos, como todos vocês são. Por isso, sabeis onde me encontro e se vos aprouver e vos der jeito não dareis o tempo por malbaratado. E prometo apresentar-vos a falada beldade, quanto mais não seja só para me dardes razão.
No que toca a jogar no Benfica é apenas um "fait divers" mas … nem todos podem ter sorte no acerto!
Abraços!
Caro JMArques:
As fontes todas elas são discutíveis ficando a cada qual o dever de escolher aquela em que a sua sede mais facilmente se esvai.
O autor que aconselhei é um profundo estudioso dos evangelhos e tudo o que no seu livro vem dito e afirmado surge fundamentado com recurso a outros também estudiosos do tema. Como em tudo na vida, nada como ver para crer! (Às vezes é preciso crer para ver...!) Certo é que, nestas coisas, não nos devemos ficar por impressões ou pescas apressadas aqui e ali.
Sei que este livro não deixa ninguém tranquilo. Desafia e estimula. Mexe com águas turvas mais ou menos inquinadas. Por isso ele foi “saneado” pela hierarquia católica do país vizinho de onde o seu autor é oriundo.
Quanto ao amigo Martins Ribeiro, ele encanta com os seus belos textos como este. Nestes dias de frio e gelo, apetece ir tomar um café bem quente a terras dos Arcos!
Estamos a vê-la, junto à árvore do Paraíso, com todos os seus arcos no sítio!
Só é pena que ela “jogue” no Benfica!
Ao Arsénio agradeço a indicação do livro para consulta e já li alguma informação disponível na internet e cheira-me a mais do mesmo, assente parte em fontes discutíveis e que alicerçam algumas das minhas dúvidas. Mas como diz o Peinado Torres, cada um come do que gosta, utilizando outras expressões e numa primeira oportunidade vou procurar ler pois não será muito comum uma visão histórica em tradução portuguesa.O nome Bernardino Henriques diz-me algo.
Instiga-me o colega Torres a trazer ao palco colegas do meu tempo, o que não é fácil, até pelo facto simples de que não aparecem por cá, com raras excepções e também não sei onde andam. Muitos deles ainda correm todos os dias para respeitar o orçamento de casa, com a preocupação dos filhos e da crise que se instalou nesse país.
Mas lá vou eu aparecendo por cá, sem a frequência que gostava e às vezes vale bem a pena, nem que seja para ler textos do António Ribeiro da Vila minhota dos Arcos de Valdevez.
Concordo com o título que lhe atribui o nosso chefe e também concordo que aquela ponta do lenço estimula bem os espíritos, por razões de adesão ou descrença.
É uma boa crónica, de espaços voluptuosos que seduzem o espírito mais calmo e que mostram a genica do seu autor e a inspiração não deve ter nada a ver com o Alvarinho da região, por outros textos que em tempos li. Bem, cuidado com o Homem!
Quer partilhar alguma informação connosco? Este é o seu espaço...
Deixe-nos aqui a sua mensagem e ela será publicada!