2012-02-24
A.Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Fugi, estes dias, do bulício trepidante e do abominável ruído do passado carnaval. Regressado agora, dei uma vista de olhos pelo nosso espaço e pude ler mais alguns tópicos nele, entretanto, exarados. Lá está o do Né Vieira, a raspar ao de leve pelos temas versados: alegro-me que o preclaro Assis já disponha da desejada Internete, o do caro Arsénio sobre a palavra e a alegria que me trouxe o do amigo Peinado, o mais ilustre ex-presidiário da Barrosa, por saber que continua firme e brejeiro como sempre. Mas … verifiquei que e como gosto, lá estava colado um poema do Ismael Vigário. É assim mesmo, a poesia é que conta e nos enche o espírito de beleza e não pode faltar neste nosso belo cantinho. Por isso e só para vos pôr a "suspirar", tereis de gramar com um "poema" desenterrado das folhas de papel amarelecido nos arcanos do meu tempo. O carnaval já passou mas, mesmo assim, não leveis a mal.
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DUAS ESTRELAS
Elisa … Conceição … duas estrelas que cintilaram no Firmamento da minha existência. Uma doirada, mais viva, mais brilhante; outra mais escura, mais mortiça, menos refulgente!
Conceição … Elisa … duas estrelas verdadeiras nas límpidas noites do meu viver, mas lá tão distantes, tão longe, tão no Infinito!
Elisa … Conceição … as duas últimas estrelas que eu remirei, que eu contemplei em noites de serenidade a ofuscarem o brilho de outros luzeiros, ou em noites de tempestade, furibundas, tormentosas a aparecerem na clareira das nuvens como guias da minha dificultosa caminhada para a Lonjura!
Conceição … Elisa … duas estrelas irmãs, duas estrelas preciosas, duas estrelas que me atormentaram porque as não podia alcançar, porque as não podia tocar que o meu braço era pequenino e tão curto para a inatingível distância em que refulgiam.
Então, o remédio? O remédio era uma delas baixar, descer, parar na frente do meu caminho até me deslumbrar o desejo, até me saciar de consolação.
Elisa … Conceição … qual de vós será o meu encanto? Tu, Conceição, mais serena, mais divina ou tu, Elisa, mais brilhante, mais sedutora?
Não sei!
Arcos ... 1955