2012-06-02
AVENTINO AVENTINO - PORTO
VIVAT
Nos encontros do AAAR's, no seu final, venho assistindo sempre, inquieto e mudo, a esse cantar com que nos despedimos, inebriados, de mais um dia da nossa felicidade. E ali fico, aceitando sem compreender, as razões do êxtase do vosso cantar. Dei por mim, tantas vezes, a perguntar se a minha recusa em abrir a boca e sentir, tinha a ver com o medo desse passado da adolescência, de um deus mau que me pintaram ou, porventura, com o medo de regressar a um tempo em que tive fé.
Também, tantas vezes, por força das relações sociais, lá estou eu sentado e de pé, de pé e sentado, no meio das igrejas, presente a eucaristias, casamentos, comunhões, baptizados e cerimónias de igual jaez. E também em todas essas vezes me quedo mudo, incapaz de pronunciar as rezas que o meu coração não sente. Quando aquilo tudo acaba, saio, circunspecto e recolhido, sem que tenha sentido nada daquele suposto sentir de todos os outros que encheram a igreja.
Pela primeira vez, no sábado, em casa do nosso bom ASSIS, cantei o VIVAT. Gritei, apurei a voz e exultei com um cântico de que não sei nem a música nem a letra. E senti-me feliz, pelo encanto que me veio da alma, irmanado por um sentir de que não sei o segredo nem o significado. Agora, sim, entendo-vos, a todos vós AAAR´s que não podem despedir-se, nunca, sem VIVAT IN AETERNUM. Agora os meus medos são uns medos novos: que me torne crente, respeitado e tributável.