2012-04-19
Alexandre Gonçalves - Palmela
O MAR DO SUL (Encontro de Messines)--------------------------------------
Espero chegar a tempo de uma leitura, antes de subirmos para o navio que espera por nós em todos os cais. E a primeira palavra é de encantamento. O autocarro está lotado como um ovo. E mais de uma dúzia de participantes deslocar-se-ão nos seus próprios meios de transporte. A adesão é geral e isso constitui o melhor prémio para quem se esforçou para pôr de pé esta ideia. Na verdade, os anfitriões não hesitaram em desenvolver no terreno todos os ingredientes para um encontro que se presume inesquecível. Só para sugerir o empenho, pensem num piano antigo, adquirido e afinado expressamente para o efeito. Os três protagonistas do pequeno concerto têm currículo que nunca mais acaba. A começar pelo exímio pianista, antigo aluno de Gaia e reputado professor de piano em Paris. As duas cantoras líricas, transportadas pelos sonoros braços das cordas, encherão a noite do Barrocal duma harmonia inédita e consoladora. Há ainda o espaço da " Cerca da Aldeia", desenhado e reconstruído para este encontro. Ao fundo o mar do sul, onde perduram os ruídos do verão passado. Aqui o silêncio das águas, das árvores vestidas de primavera, dos laranjais floridos, dos múltiplos aromas mediterrânicos. A casa é uma herança genuína da cultura sarracena, muito branca, rente ao chão e à luz e aos desejos da condição humana. -------------------------------------------------------
É flagrante o sentimento duma associação bem viva, que não se mede pelas quotas mas por afectos, que obscuramente afluem à memória. Como se entre nós houvesse uma fraternidade de tipo diferente, com filiações comuns ao longo de sucessivos partos culturais. Embora diferentes, e por diferentes caminhos e opções, viemos dar aqui, a este largo rústico, que a idade tem vindo a mostrar como interessante e enriquecedor.-------------------------
Então, venham daí com alegria, como se estivéssemos em casa de família, soltos, práticos, informais até à provocação. Abonem-se de roupa quente, porque as noites altas não têm a mornidão das praias. Tragam calçado de serviço, porque o chão não está encerado. Os danos são por conta de quem os sofre. Está prevista uma caminhada de 800 metros, em jeito de digestivo para o primeiro almoço. Mas não desanimem: as forças acumuladas no repasto aguentam a prova. Os quilómetros de fome e de sede serão vingados no restaurante "Messiene", na aldeia de Algoz, no termo da auto-estrada Almada/Messines. Mais se informa que o rigor e as instruções declaradas pelo "Decano do Norte" têm o aval do Sul, pelo que , expurgados os detritos em tempo mínimo nas paragens indicadas, se deve retomar a marcha como se fora um combóio urbano. Boa viagem e fraternais cumprimentos!!!