2012-08-13
Aventino - PORTO
P A R T I R
Se estiveres de férias, não estejas de férias. Parte, parte, parte sempre a um encontro permanente de outro encontro. O teu destino é PARTIR.
Se estiveres de férias, faz-te em Valença do Minho. Faz-te no meio da ponte metálica, de modelo Eiffel, que une os dois povos. Vira as costas à Galiza, aprecia a beleza da ponte, a serenidade das águas do Rio Minho e o silêncio dos sinais do contrabando que durante tantos e tantos anos foi sustento e angústia de dois povos martirizados por dois ditadores reles como homens, reles como governantes. E de Valença do Minho chega, se fores à Fortaleza foste, se não fores não perdeste nada. Repasta-te na Casa Álvaro, abunda-te num bacalhau assado, numas costelinhas de porco sem carne mas com muito osso para coçar os dentes e mergulha a sede num alvarinho ou num verde tinto de pintar os dentes. Agora parte. O teu destino é PARTIR.
Inflecte um pouco para Paredes de Coura e por aí fica dois instantes: um para veres realmente visto, em Romarigães, o abandono da quinta onde Aquilino Ribeiro escreveu "A Casa Grande de Romarigães"; o outro para conheceres o melhor que há na gastronomia portuguesa: no restaurante "O Conselheiro". Agora parte. O teu destino é PARTIR.
Estás já em Caminha. Pára um pouco. Senta-te, toma um café no terreiro, observa a serenidade dos locais e dos turistas, a comunhão entre Galegos e Caminhenses, sobe ao Miradouro da Fraga e aprecia o longe, esse lugar onde tantas vezes te tens imaginado ao longo dos teus dias. Mas tem cuidado. Cuidado porque vais encontrar-te com vento ou nevoeiro, frio ou chuva, numa terra dita balnear onde o inverno vem sempre passar o seu verão. Cuidado ainda porque podes encontrar-te com vários dos políticos que impestam o lugar. Procura os lugares de António Pedro, o dramaturgo, as ruínas do seu sonhado teatro, come uma sandes no "P´ra lá Caminha" e parte. O teu destino é PARTIR.
De Viana do Castelo, nem Santa Luzia, nem o Castelo; nem a Marginal nem a Praça da República; nem o Museu, nem a Igreja da Senhora da Agonia. A Ponte Eiffel e a sua divina cor verde e as bolas de berlim na Pastelaria Natário. E chega. Parte. O teu destino é PARTIR.
Estás a chegar ao Porto, estás. Viste a placa a dizer Aeroporto? Sim? Inflecte para a direita e sai em direcção ao Aeroporto. Sobe ao último andar. Procura o balcão da TAP, da RYANAIR ou de outra companhia qualquer. Pergunta: qual o próximo voo para Paris?. É já? Dois bilhetes. Um para mim e outro para a minha mulher. E parte. O teu destino é PARTIR.
Chegaste a Orly? a Charles De Gaulle? Apanha um táxi que é bem mais confortável, prático e rápido para o centro. Fica-te por aí, o tempo todo que quiseres. Só estarás cansado de Paris quando estiveres cansado da vida.