2012-10-08
A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Com sinceridade o afirmo; gostei mesmo muito do reaparecimento do Gaudêncio neste nosso magnífico espaço, lamentando que a causa da sua ausência tenham sido “atribulações várias” como ele próprio afirma. Caro Gaudêncio se você vê que “La muerte lo está mirando desde las torres de Córdoba” , então que poderei eu dizer? Eu não conhecia este dito de visão agoirenta que, apesar de o achar engraçado, não me queria, contudo, deixar sugestionar por ele. O amigo ainda é um jovem para se lhe afigurar o céu cebola e nem mesmo eu, já muito idoso, sou capaz de alinhar por tão mórbida realidade. Entendo que, nestes casos, se devem aplicar as nossas receitas do costume que tão bom resultado têm dado até aqui e de que o nosso Vieira tanta apologia faz. A talho de foice estou a dizer que o Peinado também demora uns tempos em “voltar” a esta loja, como diz, e já está em tempo de o fazer. Caros amigos, confesso que fiquei de boca aberta com o ingente poema do Aventino, de inimaginável beleza. Sabia que o Aventino era um poeta de grande sensibilidade, mas com esta pequena e delicada pétala me encheu as medidas de simples admirador, para mais incidindo num tema de muita suavidade e que sempre nos enche a alma de ternura. Se houvesse emulação artística e eu a pudesse seguir em relação á sua poesia, caso fosse capaz, que o não sou, diria como o grande Bocage num dos seus belos sonetos de semelhança com Camões:
Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Claro que me estou a referir ao fado apenas do sentimento, nunca ao dos dons da Natureza.