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2012-11-08

manuel vieira - esposende

O paraíso das oliveiras do Alex apenas contrasta com o do Assis em planura e não vê o mar ao longe. Por isso se encosta à Ericeira para sentir a brisa salgada em tardes cândidas que sugerem o amor.

O Magusto de sábado espera tempo adequado ao ambiente de uma boa fogueira e não faltarão os enchidos na grelha que antecedem entrecosto e entremeada e febras. Umas entradas de cogumelos e uns queijinhos acompanhados de vinhos da região darão abertura a um bom repasto que culmina sempre com a doçaria caseira.

As castanhas na fogueira e a jeropiga vão reforçar o ânimo do grupo que leva normalmente ao fogo do conselho.

O Alexandre mimou-nos com 2 textos de êxtase novelesco e o Martins Ribeiro descreveu o cantinho do Assis com a doçura dos diospiros e o agridoce dos fisális, com o lirisco e a sociabilidade dos piscos.

O Peinado lembrou a ditosa favada que ainda há de repetir, com os condimentos e acrescentos  adequados.

O Arsénio passou volátil com a Palmeira e um dia destes vamos voltar ao tema, com mais objectividade.

2012-11-08

Peinado Torres - Porto

Bom dia AMIGOS E COMPANHEIROS No meu último escrito, reclamei a ausência neste site do nosso caro amigo ALEX PINTO, e escrevia eu que provavelmente andaria a evangelizar " NATIVAS ", não me enganei muito, pois foi " CURTIR " para a Ericeira uma paixão que é eterna para toda a sua vida. È bom recordarmos os momentos felizes que tivemos , normalmente só nos lembramos dos menos bons, é a nossa condição humana a funcionar da pior forma. O nosso decano MARTINS RIBEIRO, grande retratista literário, descreveu soberbamente o " cantinho do Frei ASSIS ", é efectivamente um lugar belissimo e repousante. No dia que lá estive a degustar a famosa " FAVADA ", que já não voltarei a comer, estava ventoso e com pouco SOL, mas mesmo assim fiquei maravilhado com a paisagem, é local a revisitar sempre que o anfitrião nos chamar. Para toos os participantes no MAGUSTO CONVIVIO em Palmela o meu abraço. Voltarei Peinado
2012-11-06

A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez

Hoje, acedendo ao amável convite do amigo Assis, fui até ao calmo refúgio do seu paraíso privativo. Volto a invejá-lo repetindo que é um privilegiado; ele diz que não, porém, aquele quintalzinho é verdadeiramente um paraíso rústico. Então nesta altura é que ele se encontra viridente e com ramagens a rebentar de viço. Fui com o cheiro dos dióspiros e lá estavam eles, alguns, é certo e como se afirmava, meio comidos pelos melros e restante passarada, os melhores, que essa fauna não se engana, contudo, mesmo assim, ainda restavam muitos inteiros e de incrível doçura. A tarde estava límpida, apenas com uma ou outra pequena farripa de nuvem, muito branca, suspensa no diáfano azul do céu, deixando brilhar o sol em toda a sua plenitude. Sabia bem aquele morno calor de calmo Outono e não fazia mal. Fomos até ao pomar, prenhe de diversas variedades de plantas; lá estavam os cantados fisális numa espantosa profusão, cestos e cestos deles, como se nunca mais parassem de produzir, ao lado uma tangerineira a abarrotar de frutos, quase muitos mais que as próprias folhas, de igual modo uma pequena árvore de clementinas, carregadinha, já a sarapintar. Ele eram os maracujás de que ainda provei o seu sabor acre e acidulado, ele eram os chuchus que pendiam do arbusto como tetas de velha, ele era um limoeiro vergando sob o peso de limões maduros misturados com outros ainda verdes, numa ininterrupta e generosa colheita, escorados por grossos arejões para não escachar as galhas. Ás tantas ouviu-se uma ave, pareceu-me um melro, diz o Assis que era o Pisco e então pude assistir a um facto bizarro e nunca visto. Trinava o pássaro uns maviosos gorjeios quando me apercebi que ali perto outro lhe retorquia no mesmo tom. Julguei ser outra parceiro mas enganei-me: era o próprio Assis que numa espantosa imitação respondia ao cantador como se fosse um sumido eco. Que mais verei eu? E compreendi o nosso companheiro na sua concepção de trabalhar também para alimentar todas as criaturas da Natureza. Desta vez fui eu sozinho, mais ninguém, nem sequer o Né Vieira apareceu, fazendo-me perceber que com mais gente a convivência se torna mais apetecível. Na verdade, o quintal do Assis é um pequeno paraíso, só é pena que não anda por lá, perdida no meio da exuberante folhagem, uma Eva tentadora, de cabelos soltos a cobrirem-lhe a nudez do pecado e da fantasia. Quando regressei, já um clarão da tarde tintava de fogo a silhueta da serrania fronteira e se esvaía na fímbria lucífuga do dia moribundo. Trouxe comigo um pequeno braçado de espinafres carnudos para com eles fazer uma apetitosa sopa. Só queria era que, depois de comê-la, ganhasse a lendária força do “Popey, the Sailor” para poder dar uns valentes murros em todos os “Brutus” que por cá nos chateiam. 

2012-11-05

Arsénio Pires - Porto

Como era bom que ela viesse.

A Palmeira.

Que houvesse um Gabriel anunciador da sua gestação.

Por obra e graça

de todos.

Ou de

sempre os mesmos.

Como era bom que ela fosse dada à luz numa gruta qualquer

com pastores lá em baixo e burros e vacas e ovelhas

à volta

e anjos com trombetas de Paz

e um Mago carregado de mirra

com que se curam as maleitas da alma

desesperançada

em tamanhos dias de tribulação.

Como era bom que ela viesse.

Como era bom.

 

Como?

2012-11-04

alexandre gonçalves - palmela

OLÁ, VIAJANTES DA VASTA VIDA!

 

Regressado a salvo das praias da Ericeira, preparo em Oliveira do Paraíso o pagão ritual da celebração da vida, anunciado para o próximo dia 10 de Novembro. Enquanto participantes do círculo dos vivos, temos o direito e a obrigação de celebrar este mistério espantoso que é acordarmos e sentirmos o ruído gostoso da respiração. Pela janela do quarto vemos uma paisagem molhada e serena, que no silêncio das raízes programa a primavera. Na rua passam pessoas que acreditam em qualquer coisa e gritam desejos e revoltas e são belas. A esta hora (11 da manhã de domingo) passa um homem da nossa idade, que alegremente passeia o seu cão. Logo depois, passam duas raparigas nas suas bicicletas, praticando anatomia e uma beleza flutuante. Um pouco depois, é um casal a caminhar com urgência, ambos suados, a esconjurar ameaçadoras adiposidades. É novembro, um doce novembro, agora não chove, nem faz frio, apenas um resíduo de melancolia no ar, apetece ver alguém, trocar duas palavras de café, almoçar devagarinho, para que o dia seja mais longo, para ampliar a escassa vida. Pois bem, hoje é o dia 10, é sábado, palmela fica perto de tudo, o outono parece um calmo rebanho de ovelhas a pastar as primeiras ervas. Venham surpreendê-lo, no esplendor da mais ganuína tradição. O vinho corre generoso e abundante nestes campos, sem se misturar com a chuva do céu. E vai haver castanhas, à moda das beiras, assadas ao ar livre, por entre chamas breves de ramos secos,silvas e caruma. E haverá uma fogueira arcaica, circular e lenta, em redor da qual se soltarão as línguas iluminadas, glorificando a memória e estes rituais sagrados que atestam a nossa existência comunitária. Venham de perto e de longe, acreditem e tudo vos será dado! O encontro começa pelas 10 e acaba pela hora da lua. 

Em nome da vida, relembro versos de Gedeão. Eles justificam as crenças e as libações e mais que tudo proclamam o direito de exaltar a vida e tudo o que há nela.

 

Venho da terra assombrada
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada,
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.
............................
Com licença! Com licença!
Que a vida á água acorrer.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

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