2012-12-20
Ismael Malhadas Vigário - Braga
Palmeira é um nome feminino
encanto de descobridores
tropical porte e delícia de mar
motivo de arquitectos dos Jerónimos.
palmas a desafiar o horizonte estelar,
anfitriã de visitantes e transeuntes
em dias de vendaval.
És sineta em torre de igreja,
presenteira em todos os encontros
quer chova ou faça vento
és pináculo de encantar.
Segues em caminho hirto
alertas o olhar transviado,
saúdas o longe e a miragem,
abraças a quem nela se acolhe,
caminheiro antigo ou forasteiro
vindo de um qualquer lugar.
Uma delícia à aurora
ao entardecer uma brisa
um canto ao anoitecer.
és árvore de garbo porte
és sonho de encantar.
Ouves conversas de caminheiros,
passeio acima zangas de namorados,
enlaçados na tua sombra,
dás a mão a incautos do vento.
Palmeira é nome de revista
comunicação dos aaar’s,
é uma estória de amores
e desamores,
uma vontade de querer ir sempre além
haja nuvens ou faça sol
ei-la desafiadora
em suporte da memória
a lembrar uma solidão,
um desamor que queríamos abençoado
de beijos de mãe ausente,
de palavras sussurradas à distância,
chegavam oscilantes
em folhas ao vento
nos zzz’s ciciados das palmas
caíam abraços de irmãos distantes,
em saudades de dores lancinantes.
Em noites de frio,
soltava-se o vento em desvario.
Chegava o sonho
e vinha um anjo alado
e de mão em concha
tomava-me o corpo
e seu ósculo não tinha hálito,
e pedia um afago
a quem não podia dar,
e em frente de um olhar divino.
indicava um caminho:
não caias em tentação,
Sê homem e não anjo.
ainda que comigo possas caminhar.
Esta estrada é mais ampla
e meada de ilusões.
Regressa ao início do caminho
que uma palmeira altaneira
pode guiar.
preparado para a viagem?
Seja ao romper da esquina,
lápide ou epitáfio de um destino.
Ismael Malhadas Vigário