2013-01-20
A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Caros amigos e companheiros.
A efeméride já lá vai e será irrepetível. Isto de cumprir aniversários, é uma normal ocorrência das nossas vidas que começa logo quando nascemos. Os primeiros anos, por serem ainda verdes, provocam euforia pois apenas vemos neles o início duma jornada que pensamos nunca irá terminar. Quando, no entanto, começam a pesar devemos ponderar algumas distinções: por um lado, achamo-los interessantes porque nos mostram a distância já percorrida e sentimo-nos alegres por estar ainda metidos na jornada mas, por outro, fazem-nos divisar ao longe a meta de chegada, cada vez mais próxima, o que nos entristece porque, lá chegando, nos iremos desintegrar no pó das estrelas.
Fui um dos mais acérrimos cultores do amor e também da amizade. Tendo amigos sinto-me realizado e estando com eles atinjo o nirvana da felicidade. Desta forma, foi para mim um orgulho e um privilégio ter conhecido e fazer parte da nossa Associação, pois ela me permitiu encontrar um ror de grandes e sinceros amigos que, depois dos meus, para mim estão acima de tudo. E a prova disso, além de muitas outras mais, foi o procedimento da passada sexta-feira, muito bem preparado, embora através de surpreendentes contornos. No meio de tão ilustres e carinhosos companheiros senti-me imerso num cálido banho de profunda amizade e, apesar dos meus poucos merecimentos, quase tive a sensação de me julgar um homem importante.
Oitenta anos! E que são oitenta anos? No mensurável espaço deste mundo não representam sequer o incerto bruxulear da chama duma vela, um repentino fogo-fátuo, ou o mortiço estralejo duma brasa de carvão que se desfaz.
Por isso, aqui estou agora para agradecer a grandiosa dádiva de afecto, de alegria e de convívio com que me presenteastes na comemoração do outro dia. Foi um bocado que, nos anos que ainda me possam restar, nunca irei esquecer. Quisera prolongar esses momentos por um tempo cósmico, ao redor duma sagrada mesa muito maior e onde se sentassem todos os AARs, sem excepção. Tenho, para mim, o Vivat como um Hino da nossa mítica amizade, uma melodia que tanto pode ser ajustada á vida como á morte. Se vos agradeço por ma terdes cantado na vida, também haveria de gostar que, se possível fosse, ma entoásseis na morte.
Nada mais tendo para vos oferecer, deixo-vos o meu afectuoso abraço de gratidão.