fale connosco


2013-03-11

Assis - Folgosa - Maia

Pecados não remidos

Estamos em época de quaresma.

Todos nós ainda sentimos em nosso inconsciente as palavras escutadas enquanto crianças. Após os breves dias de carnaval - apenas dois ou três, dias em que a alegria que reinava cá fora extra-muros se convertia sacramentalmente em sacrifício pelos pecadores - entrávamos no tempo quaresmal, o tempo de jejum e abstinência...

Este é um dos pecados não remidos do meu passado. Interrogáva-me na altura e ainda hoje me interrogo: 'porque sacrificar-me - aquelas horas longas diante do altar, de joelhos, a meditar nos pecados cometidos no exerior - por supostos pecados cometidos cá fora?' - Como éramos inocentes! Nós - os pequenos - e aqueles que nos ordenavam a expiação de pecados alheios...

Sempre foi um dos pecados maiores da nossa igreja, esse de se importar mais com os pecados cometidos pelos estranhos do que os que nela mesm se cometiam.

Voltamos hoje a encontra-nos em tempo de quaresma. O tempo da ressurreição vem aí muito em breve e o carnaval ficou já lá atrás.

Em Roma, os "Príncipes" da Igreja encontram-se reunidos no Vaticano para eleger um novo timoneiro para a barca de Pedro. O Espírito Santo vai descer sobre a capela Sistina... e a luta pelo poder "sagrado"... - Quem será o vencedor?... Esperremos para ver. Esta a minha fé...

Sei que, no final, não vamos assistir àquela procissão que testemunhámos em pequenos: O novo papa não será transportado em ombros dos diplomatas acreditados, na sede papal com a sua tríplece coroa, a tiara, nem os cardeais irão rastejar os 6 metros da cauda de suas púrpuras. Temo, todavia, e quase me atrevo a afirmar que assim vai acontecer, os tais "Príncipes" irão apresentar-se em suas vestes luxuosas, apoiados em ricos báculos de prata e com anéis de ouro em seus dedos. O desfile será vistoso. As mitras, ricamente adornadas com pedras preciosas, elevar-se-ão em suas cabeças em direcção aos céus testemunhando a riqueza dos seus senhores. O novo papa, por sua vez, apresentar-se-á aos fiéis como monarca rico dum reino que se diz ser pobre e de pobres...Estes irão vê-lo mais tarde, e só mais tarde, por televisão...

Prossigamos em época de quaresma e esperemos por um verdadeiro Dia de Ressurreição

 

2013-03-11

José Manuel Lamas - Navarra - Braga

Descobri o sit da Aaar há, três meses e desde então tenho consultado a página   (fale connosco).vocês escrevem muito bem, mas sem desmerecimento para ninguem, gostei muito da BALADA DO VENTO. obrigado a todos, continuarei a consultar-vos                                                                                                                                                                                                                                                                                                           J. M. Lamas                                                                             

2013-03-11

Arsénio Pires - Porto

Desobriga

 

Um dia, sem saber bem porquê, um gajo que pode ser eu ou tu, abre a janela e lança para a rua este ramo com palavras

                Não gosto de violetas! Ouviram bem? Não gosto de violetas!

 

Depois fecha a janela com estrondo e cai no fundo do sofá. Se algum familiar passar, mesmo que seja ao de leve para não o acordar, ele sussurrará em sonhos

                Sem amor, tudo não tem sentido!

                (ou, nada tem sentido?)                   

 

Também eu, Aventino. Também Eu pecador me confesso!

Ao fundo está a ramada que nos conduz ao bosque mas antes, quando começa a subida, cá está, à esquerda, esta imagem já não sei de quem debruada a conchas marinhas trazidas da Madalena.

Já cheguei. Ali está o frontão onde o Nabais e o Pacheco jogam ao beto. Viro à direita. Há canteiros variados com flores diversas (ou estou a inventar?). Não sei.

Entro num dos canteiros e arranco tudo quanto é violeta. Acolá, o prefeito, que não vê, saboreia o breviário. Está de costas para mim. (Sempre esteve!).                                       

No campo do meio eles jogam à bandeira. Ainda agora consigo gritar

                Eu não gosto de violetas!

(Por acaso até gosto. Mas nunca ninguém mas ofereceu!).

2013-03-10

Ismael Malhadas Vigário - Braga

A tua balada do vento é muito bonita.

Deu-me muito gozo.

 O poeta diz-se nas palavras e nas mesmas palavras se esconde.

 Diz mais e diz menos e, enquanto diz e se desdiz,

vai-nos encantando com o deambular da sua e da nossa alma.

Isto às vezes está mortiço,

  será do vento, da neve, do granizo, dos tornados ?! …

Todos os fenómenos da natureza nos provocam

 e não nos deixam ficar bem em lugar nenhum.

veem as palavras a voar

e apanhamo-las ainda no ar.

Elas caem aqui,

e transmitem sensações,

algumas ideias,

tantos silêncios,

 nunca serão indiferentes,

 saem d’ alguém prenho de si,

e ao lançar as palavras

crê-se semeador

e mesmo não tendo eco

a voz por dentro sente

a vontade de não querer parar,

seja como a voz do vento

ora em harmonia

ora em dança de contratempo.

 

 

2013-03-10

A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez

BALADA DO VENTO


Sopre brisa ou vendaval

De mansinho ou violento

Traga ou leve o bem e o mal

Poesia ou trivial

Eu gosto sempre do vento.


Sopra o zéfiro ameno

De manhã pelas canteiros

E com um jeito sereno

Espalha aroma pleno

Pelos vales e outeiros.


Tange as nuvens pelo ar

E brinca co'as folhas secas,

Gera espectros ao luar;

Se lhe apetece brincar

Faz grotescas piruetas.


Quando entra em convulsão

Usa de furor profundo

Transforma-se em furacão

Espalha a destruição

Arrasando todo o mundo.


Se acontece um dia inteiro                                  

De calmaria e sossego

Choram por ele o moleiro                                      

E o nauta do veleiro

Porque lhes foge o achego.


Tudo o vento leva e traz

Nos seus golpes e favores:

Horas boas, horas más,

A desventura e a paz,

Ódios cegos e amores.


Um dia Elisa partiu

Asa do vento a levou. 

Nem de mim se despediu   

E nunca mais me sorriu

Foi amor que me deixou.


Alguém que o vento conhece

Esperança me veio dar;

Pode ser que ela regresse

Mas isso só acontece

Se um dia o vento mudar.


P´la grimpa dum campanário

Notei que o vento mudou,

Só que para meu calvário

E por meu triste fadário

Elisa não mais voltou.


Conforme o vento a levou

Também a mim vai levar;

Mas como alguém me contou

E tal nunca se passou,

Sem esperança de voltar.


Cavou fundo a decepção

E gemi triste lamento

Doeu muito a frustração

E assim por essa razão

Nunca mais gostei do vento

 

Arcos, Março de 2013


 

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