2013-03-10
manuel vieira - esposende
Meu caro Aventino,
quem nunca pecou que atire a primeira pedra, mas não me parta a vidraça.
Todos nós temos os nossos lamentos e também o Pisco do Assis pia,pia a anunciar talvez a Primavera ou no lamento de tanta demora, mas os teus melros têm razão por tanta chuva e tão pouco sol, mas com tanta carência é curioso como as tuas camélias já despertaram. Mas se os vermelhos, os seus brancos ou os seus rajados já não não quebram esse fastio de felicidade dás um saltinho a Vila do Conde e aprecia os milhares de camélias com mais de mil espécies, com cores que passam pelo azul e o preto na Quinta Vilar de Matos do Paulino Curval, penso que em Touguinha.
Mas não leves o cão.Vai só e espraia as vistas sobre os 30 mil pés que invadem a quinta e que o seu proprietário se ufana de ter disponíveis para um público apreciador até 30 de Abril.
Hoje faleceu o meu amigo Abel da Costa que celebrou 100 anos de vida no dia seguinte aos 80 do nosso colega Ribeiro.
Ontem foi o José Carvoeiro com muito menos idade, com o seu ar filosófico e as barbas abundantes e brancas a imitar Marx.
Ei-los que partem e já não confessam angústias ou expressam sorrisos, amansados que foram pela partida.
Os que ainda lamentam são os que vivem e como eu e tu, também eles pecaram e todos sentimos dos ausentes a mácula triste da fuga eterna.
Os teus filhos têm razão, mas não tanta pois ainda vais faltando a um arroz de sarrabulho de textura soberba, a um leite creme de estalar os olhares, e os acrescentos ao cinto que eles contestam são restos fiéis dos convívios cheínhos de bons comeres e afetos que vais sabendo aproveitar.
Sobe as escadas e não contes os degraus. Aprecia bem o que ainda podes ver lá do alto.