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2013-04-27

Assis - Folgosa - Maia

Um paraíso a dois passos do inferno

Ontem, dia da Liberdade, passado no recanto de Folgosa. Hoje, já de regresso ao meu encanto de Orbacém e ainda na auto-estrada, ao longe uma coluna de fumo anunciava-me que o inferno dos incêndios estivais estava à porta. Vinha eu distraído com a viagem projectada ao nosso Douro e eis que o pensamento do inferno tomou de assalto, contra a minha vontade, o seu lugar. Calquei no acelerador e em poucos minutos alcancei o Caminho do Fradinho. Respirei fundo, pois o fogo que varria a floresta encontrava-se ainda a vários Kms. Abro o portão da quintinha e entro . O fogo não vai cá chegar, pensei: o vento sopra do mar para leste e portanto nada há a temer. Descarregado o carro, vejo sobre a relva várias folhas de eucalipto já queimadas que o vento trouxe pelos ares. Mau!... Pouco depois escuto o ruído dum helicóptero que chega carregando um baldo de água. O fogo sentia-se agora também lá ao longe. O vento mudara de sentido, para nordeste. A portar-se assim, o fogo acabará por atingir a encosta por nós habitada. Uma meia hora mais e o lardo de S. João - o do cruzeiro partido - estava recheado de carros e de caras várias, umas conhecidas e outras que eu nunca vira. Vieram também os bombeiros em carros pequenos e em auto-tanques, cinco corporações ao todo, disseram, para combater o fogo em quatro frentes. Todo o mundo opinava: "Não chega cá, vai noutro sentido", "os bombaneiros não vão conseguir parar o fogo com o vento que sopra", "realmente...vai ser difícil", "só um helicóptero para um incêndio destes...um canader, sim, acabaria com ele...", "mas este hélio é enorme...", "sim, mas só leva mil litros e ainda deixa cair metade pelo caminho e o rio ainda fica longe..." "pois é." - Seguiu-se um longo silêncio e todos nós olhávamos atónitos o fumo negro que se espalhava já por vários kms. "Como irá progredir o incêndio?", alguém pergunta ao bombeiro que se apeava do camião grande que acava de chegar. "Ele tem muito que comer neste mato e não temos bons acessos, mas estamos cá cinco corporações para o combater desde as 14,30 h. Vamos passar aqui todo o dia de hoje, toda a noite e certamente também amnhã". Era o chefe duma das corporações e ele sabia tudo sobre incêndios. Felizmente parece que, por vezes, também os chefes se enganam. O fogo progrediu mais rapidamente do que ele pensava e ainda não haviam passado duas horas e já as línguas desse mesmo fogo varriam toda a encosta. De mangueira em mão juntei-me aos bombeiros e, com eles, procurámos que ao menos as casas fossem libertas do infernal fogo. Era já noite, por volta das 21,30 hs, os soldados da paz, todos suados, bebiam um sumo e comiam uma sande...Davam por acabada a sua tarefa, só os chefes ficavam no largo para fazerem as contas da operação. O inferno passou a dois passos do paraíso...- Como agradecer a estes bons soldados da paz? Um copo de água fresca, foi quanto lhes oferecemos, nada mais quiseram...e foram ainda eles a agradecer a quem lhes oferecia um simples copo de água fresca, como se a não houvessem ainda merecido... - Obrigado, amigos Bombeiros! Sem a vossa ajuda, amanhã, os meus amigos não iriam poder partilhar a beleza deste cantinho. Nem uma pétala foi beliscada e o inferno passou a dois passos do meu paraíso... Mil vezes Obrigado.

2013-04-26

Ismael Malhadas Vigário - Braga - Gualtar

Caros, amigos

Será que sou poeta? Que aquilo que escrevo se assemelha a poesia? A poesia é um modo de estar sozinho, como dizia um poeta digno deste epíteto. De qualquer modo, escolho palavras e frases curtas, porque fujo melhor à censura e me sinto mais livre, porque menos marcado pelo verbo argumentativo. De qualquer modo, sei que dizer é também não dizer, porque nunca se diz o que se quer, nem se diz o que se deve dizer ….Daí que as minhas frases quebradas, não sendo a expressão lídima de um qualquer género literário, são no mínimo uma expressão de uma ousadia, onde misturo muito de mim e, nem sempre cumpro a máxima  Kantena e da Aufklarung: “sapere aude! - ousa servir-te do teu próprio intelecto”.

Também não estou feliz com o que se passa no nosso país e sinto demais a dor deste povo, daí o recurso ao tema da ira, para aceitar o repto do Alexandre.

 Dies Irae

Desceram das colinas e juntaram-se nas praças,

encheram ruas e ocuparam esplanadas solarengas,

traziam olhos ressabiados e descriam do futuro,

  erguiam nas mãos fachos de vingança.

Houve tempo em que entoaram canções e exibiram palmas e ramos de oliveira.

E, no caos e desespero, elevaram à morte.

E a traição espalhou-se até aos confins.

E a turba que antes o aclamava, agora pronunciava a palavra de raiva

e dos olhos brilhava o ódio num alvo definido: morte.

II

E as mãos eram cutelos a elevarem-se bracejantes à volta da raiva,

 as mãos empunhavam cartazes de revolta

e da boca saíam gritos mais que humanos

e as nuvens recuavam de medo em horizonte sem luz.

 Cresceram as lágrimas das montanhas

e pronunciaram as palavras eloquentes de Brecht: “do rio que tudo arrasta se diz que é violento, mais violentas as margens que o comprimem”.

E as águas tumultuosas desceram irosas

e juntaram-se em lagos de multidões de gritos lancinantes e desenfreados!...

E em movimentos céleres procuraram o algoz que provocou tanto desespero,

e todos, em gritos, sentiram a força de uma ilusão:

e às mãos erguidas, em riste, ninguém lhes deu a palavra,

com ânsia, a procuraram à força da entoarem,

e do concerto das vozes, chegou uma música de dor,

em grande mar de sofrimento!... sentirem-se filhos de um deus menor…

 

III

Dies irae

 na falta dum futuro anunciado,

a negra nuvem a fechar o horizonte do pregão sem eco:

 a morte dum país que se esquece,  à força do querer desacreditar.

E o lobo e o cordeiro não comerão juntos,

e o cordeiro tornou-se lobo e o lobo não se tornou cordeiro,

e o tempo não é um tempo de direito,

e a paz não existe em tempo de cólera,

quando o  trabalho não é trabalho e o amor não é amor.

2013-04-25

Assis - Folgosa - Maia

"Que a descansada vida também cansa" dizia-nos há dias o Alexandre nos seus Impropérios. O mesmo nos teria dito se declarasse que a Preguiça cansa mais que o trabalho. Eu tenho em mim a prova real: Os dias em que mais me sinto sem forças são aqueles em que nada faço. E não poucas vezes isso tem acontecido. Sou preguiçoso como os que mais. Deveria ter comentado os belos trabalhos de quantos se dedicaram a escrever na nossa Panta feita papel. Não o fiz por preguicite e havia nela mais que razões para o ter feito. Fui-me descuidando dizendo "amanhã o farei" e esse amanhã nunca chegou. "Cras, cras et non erit cras..." assim se falava na Barrosa. Não sei se estará correcto mas, por preguiça, também não vou agora confirmar, vou deixar para amanhã pois não pretendo agora mostrar que deixei de ser preguiçoso. -Quero agora, ainda que tardiamente, dizer-vos, meus amigos, que neste último número da nossa Palmeira aprendi coisas novas, sempre novas apesar de algumas delas serem já bem antigas. O bom gosto poético; os devaneios do silêncio e da eternidade; as raízes das montanhas em que descortinámos o primeiro raio de sol e nelas soltámos o primeiro grito "cheguei, já cá estou!"; as raízes que lançámos num novo lar, quando arrancados aos nossos progenitores, quase no fim do mundo, tal a distância que deles nos separou; os trestemunhos: uns acabados, felizes, outros descontentes e até com direito a autópsias; também alguns com um saboroso deleite de reencontro de amigos e cantos de aleluia. A Palmeira foi realmente tempo de ressurreição, de autêntica Primavera. E outras certamente virão...

"Popule meus" (Alexandre) vamos pensar, agora, em ir até à zona mais doce de Portugal, o Doce Douro. Ali não vão faltar as andorinhas de Navarra e de Porto de Ovelha - esta uma linda terra que conheço bastante bem desde o dia em que tive de fazer a pé o caminho desde o apeadeiro de Noemi na Páscoa de 1960 - não faltará o rubro-fogo das papoilas contrastando com a verdura das vinhas e de tantas plantas em que o Douro abunda. E não faltará a rude doçura das suas gentes e o bom gosto dos seus paladares. A generosidade poderá ali ser  provada, mastigada e saboreada por todos os AAARs na doçura dum generoso vinho que só o Douro nos pode oferecer. Vamos?...

 

2013-04-25

Alexandre Gonçalves - Palmela

A PROPÓSITO DE IMPROPÉRIOS

 

"Popule meus, quid feci tibi? Responde mihi!" Deus zangou-se com o seu povo e disse-lho na cara. O povo judeu devia ser parecido com o nosso. Amigos, amigos, negócios à parte. A frontalidade é certificada biblicamente e por isso podemos usá-la sem quaisquer reservas. Eu não sou Deus nem me zanguei com ninguém em concreto. Mas quero apresentar uma moção de censura contra a ASSOCIAÇÃO como um todo orgânico, mesmo que se note uma falência precoce dos órgãos decisivos, aos quais compete assegurar o prestígio da idade. São três as frentes onde a urgência do impropério se fez sentir. Em primeiro lugar, destaco a surdez aos sucessivos apelos de ENCONTRO NACIONAL. O Arsénio não se cala. O Gaudêncio grita como um danado. O Aventino, com a subtileza que o caracteriza, sugere. As tardias oitavas camonianas, já furibundas de nada ver acontecer no horizonte, tiveram um belíssimo acolhimento da geral. Motivado por tantos leitores e comentadores de serviço, sirvo-me eu deste instrumento prodigioso para insistir na acusação. Todos os sócios são alvo deste tiroteio. Todos menos os que integram a Direcção. Aquela dos "jovens" tem de ser substituída por velhos. E vós outros, ó velhos descuidados... Uma velhice aposentada e prematura, depois de tantos ensaios precursores. E se ninguém avança/para Bragança, então dou o meu voto à Régua, com as múltiplas maravilhas adjacentes.

A segunda frente é o silêncio ensurdecedor, de quem não vê, no outro lado da rua, um país a morrer. Parecemos resguardados em redoma de vidro, exactamente como no tempo do internato, preservados do mundo como virgens descuidadas. Falamos, e muito, de coisas de "nosso senhor", onde somos peritos a citar ideias alheias e cansadas. Ou dum humor de taberna, já gasto até ao tutano.

O terceiro pecado é o medo de escrever, de comentar, de zurzir. Se tudo anda tão mal neste quintal português, não nos será pedido a nós, que herdámos uma língua clássica esplendorosa, que semeemos a nossa opinião, conquistada a pulso pela idade e pelo pensamento? Temos o site, temos a palmeira, temos o ócio, temos ética, temos encontros: não somos capazes duma ideia tranformadora?

A descansada vida também cansa, diz o outro. Será que nós não vemos nada do que vemos?

2013-04-25

José de Castro - Penafiel

GRANDE ENCONTRO 2013 Lembram-se da palavra "tipo"? Pois então recordando-a eu vos direi: RÉGUA E ARREDORES... Estes tipos têm gosto! O Gaudêncio já referiu belos locais mas há mais. Um ror deles! VAMOS?

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