fale connosco


2013-08-25

ANTÓNIO GAUDÊNCIO - LISBOA

Parafraseando o Diamantino, eu também não sou ninguém ( qem és tu, romeiro ? Ninguém!!!!!! Ainda se lembram do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett ? ) mas vou atrever-me a dizer umas tretas para apoiar o dito cujo ( Diamantino ).

Não sei em que pé estão as inscrições mas era bom que despertássemos e facilitássemos e compensássemos o trabalho e esforço dos organizadores do Encontro anual. Espero que ninguém fique em casa e, meus caros, os dias  para aderirmos vão sendo cada vez menos. E atenção a uma coisa muito importante : todos os anos a iniciativa da organização tem sido tarefa da Direcção, ou com ajuda dela,  mas este ano, por motivos que ignoro, isso não aconteceu e corremos o risco de, pela primeira vez, não termos ENCONTRO ANUAL.  Face a esta «ausência» da Direcção, apareceram dois voluntários generosos que deitaram mãos ao trabalho e puseram de pé o Encontro, organizaram a logística, assumiram compromissos e mal parecia que agora não déssemos valor ao esforço deles e não aderíssemos  à iniciativa. Bem hajam, Diamantino, Belmiro e Castro !

Mas alguma coisa ainda não está feita ou está e ainda não foi publicitada. Sei de um «recluso» que mora no sul e quer ir mas, como não sabe nada sobre a forma do transporte daqui para a Quinta, garante que, se não disserem nada muito rapidamente, ele desiste e ficará por cá. Não sei se haverá mais alguém a sentir esta insuficiência de informação mas seria importante clarificar depressa o assunto .

Para terminar não quero deixar de realçar três belos textos que, nos últimos tempos, apareceram aqui no sítio: O roteiro de viagem e gastronomia do Aventino, as Elegias do Alexandre e as recordações da vilegiatura do nosso M. Ribeiro por terras de S. Martinho.

Todavia, ao referir estes, de forma alguma quero dizer que não goste dos outros textos que por aqui aparecem. Gosto e tanto gosto que, normalmente, todos os dias vou « atisbar » ( quem é que se lembra de quem usava este termo? ) o síto do " Fale connosco " .

Termino desta vez não com o "voltarei" do Peinado mas com os "beijinhos" do Davide. 

2013-08-23

manuel vieira - esposende

O nosso amigo Padre Henri faz hoje 93 anos e para ele vai um abraço, não muito apertado, pois a delicadeza da idade pode trazer mazelas. Um velho resistente a viver em Fortaleza, que hoje atinge a idade final de Abée Pierre e que ainda colabora nas atividades organizadas pelo seu amigo Airton, o advogado de Pirambú.

Antes de ir definitivamente para o Brasil e na casa do Assis, numa fase em que se sentia muito em baixo, dizia-me que tinha chegado a sua hora e eu na brincadeira perguntava-lhe com que idade tinha partido o seu amigo Abée Pierre e ele respondia-me 93. Eu então, para o animar e porque acho que ele ainda tinha noventa respondia-lhe:ainda tens muito tempo para viver, descansa.

De facto, o padre Henri atingiu hoje os 93 e rio-me ao lembrar aquela conversa e fico claramente feliz e renovo-lhe o abraço brando de felicitações, com saudades deles e das nossas conversas. 

2013-08-23

Alves Diamantino - Terras da Maia

Quem sou eu, para vos dar uma  “SAPATADA” !!!!!

Sou, só  um melro  sem melodia, entre a ramagem deste espaço. Mas se desejais, sou

ainda,  um ex recluso da primeira hora, não renegando, ser antes de tudo, um

ex seminarista, onde na filosofia dos seus valores, permanece a amizade.

Sonharam os AAARs, aninhar-se um dia nos beirais do Douro Vinhateiro. Passado o

desvaneio, ultrapassamos o querer, resta-nos só o concretizar.

Então, onde está o insaciável apetite do Grande Encontro 2013 ?!

Assumiram-se compromissos verbais e pessoais, estimados AAARs. Existem prazos a cumprir. No momento o TGV sulista passou a vagonete silenciosa. A caravela do norte encalhou, não por falta de vento, mas pela falta humana em içar a vela. Em linguagem rodoviária, não existem AAARs para um mini bus, percorrer alguns dos trilhos de Torga. Como nós, pequenas andorinhas, compreendemos a diversidade dos estados de espírito. Uma vezes, é o ar irrespirável em voltar a sentir as raízes, outras…..outras, é o “ Deo Gratias”  habitual.

 

                            INSCREVE-TE JÁ,  ainda vais a tempo.

 

Deixa-nos recordar-te “Carpe Diem quam diem minimum credula postaro”.

Vem beber mais um saboroso trago da nossa água “AAARs”. Vem refrescar os teus sentidos com Torga, “água impoluta da nascente, é pura poesia / Que se dá de presente /às arestas da humana penedia / pela graça infantil da vossa mão”.

 

Estimados Amigos e companheiros, a DOIS de SETEMBRO  avaliaremos o número de inscritos. Perante os números tomar-se-ão decisões. Informamos que só se garantem as refeições, visitas e/ou dormidas, aos que para tal se inscreveram.

 

 

Em voo rasante, um cordial abraço das andorinhas Belmiro e Diamantino.

2013-08-19

A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez

      SÃO MARTINHO

     

 

             

      Rapaziada amiga: estou de novo aqui para vos informar de que já regressei ao meu quintal após uns dias de descontração que procurei encontrar na lindíssima aldeia S. Martinho do Porto, junto do mar.  

         Aos anos que eu já lá não ia!

     Noutros tempos, andava muito por aquelas paragens, quando os meus filhos eram pequenos e frequentava aquelas bonitas praias de S. Pedro de Muel, Nazaré, Vieira de Leiria e outras. Mesmo quando por ali calhava de passar entrava sempre nessa lindíssima povoação de S. Martinho do Porto que muito me impressionou então pela sua beleza.  Era quase um paraíso perdido, dos poucos que ainda sobram no nosso Portugal e dos quais já pouco resta. 

      S. Martinho do Porto chama a atenção pela sua baía, denominada poeticamente de concha de S. Martinho porque, na verdade, se assemelha mesmo a uma concha  cheia de águas calmas e lisas que mal rebentam na areia com o marulhar de um sussurro.  Na base dessa enseada, lá ao fundo e por onde o mar penetra, podem ver-se vagas alterosas com alvas cristas de espuma, como que expressando a sua cólera por lhes ser barrada a entrada na baía por via da estreiteza da garganta formada por dois promontórios escarpados. Ao longo da praia, de uma ponta a outra, uma grande avenida em forma de ferradura acompanha a curvatura das águas. Já lá dormi certa noite, aqui há uns anos, numa residencial que ainda lá está situada numa praceta  sem ruídos nem confusões e,  desta vez,  se exceptuarmos as novas vias de acesso  e bastantes obras de melhoramento na  zona urbana,  encontrei  quase tudo na mesma.  

Subi depois até à capelinha de Santo António, postada no cimo de uma arriba e lá me deixei ficar, absorto, a sorver haustos de ar puríssimo e a admirar o esplendor da paisagem, dum lado sobre a concha e do outro sobre o mar aberto e profundo.  Pena é que a febre das construções já tenha poluído, em parte,  tão singelo e genuíno santuário. Na frente da ermida e no lado esquerdo da fachada estão painéis de  azulejos com versos e com o relato de uma lenda. 


 

Os versos dizem assim:


             Santo António

 

Do nicho d'esta capella,

Que está em cima do Monte,

P'ra proteger todo o már, 

O Santo fica a rezár, 

Se vê sumir-se uma vela,

Na linha azul do horizonte!

 

E reza, reza... coitado, 

Porque, em terra ha mais d'uma,

Mais d'uma noiva, que o Santo, 

Não quer que tenha por manto,

Por alvo veo de noivado,

Uma murtalha d'espuma...

 

        Francisco P. de Magalhaẽs e Menezes

                       São Martinho   1896 

 

    Desta vez fui lá passar uns dias de descanso para fugir ás rotinas da vida. É claro que também não podia deixar de aproveitar os bons petiscos que se podem apreciar por aquelas paragens: um saboroso arroz de marisco na Nazaré, um cantaril grelhado escolhido a dedo em Peniche, um esquisito pão-de-ló de Alfeizerão, umas trouxas de ovos de Alcobaça, umas originais cavacas das Caldas (nada de confusões) e uma ginginha - com elas - em cálice de chocolate na histórica e vetusta praça de Óbidos. Ah!  E como se estava no reino do peixe, assim foi também pelo caminho: na ida, um gostoso ensopado de enguias na Gafanha da Nazaré e, no regresso, umas extravagantes e cheirosas sardinhas assadas nas dunas da Apúlia.

    Só foi pena não ter tido a acompanhar-me todos os meus amigos AARs.


2013-08-12

Alexandre Gonçalves - Palmela

 

 

ELEGIA  DE  VERÃO

 

Depois de ler a doçura quase mel, quase frutos vermelhos de época, que o Aventino semeou por estes campos que o verão devora, não fui capaz de ver e de calar. Eu bebia esse norte ou esse sul, esse mar belo ou monstruoso, com a devoção de um aprendiz de feiticeiro, tão enfeitiçado me senti nessa prosa envolvente e feminina, atravessada por desejos em vias de extinção. Há nas suas sugestões um programa inteiro para fazer da terra um jardim de sentidos. Eu bebia, eu comia, eu corria, eu até levaria o Álvaro de Campos para mudar a vida. Mas eu estou sentado no cimo do morro mais azul da ibéria. Isto é, no sul que abre este mar português mítico, sem outras ondas que as do leite num púcaro de pastor. Olho do alto da idade e como quem se lança no abismo desço pelos dias dos verões antigos. E comovo-me. Este mar do sul (aí no pardo norte cristão vocês não sabem o que é ser mouro do sul) é a pureza da luz, a brancura imaculada dum corpo que se despe, um olhar estonteante que nos encandeia. O céu e o mar do sul fundem-se na mesma tela, com pessoas vagarosas lá dentro, com memórias de infinitos matizes. Num lugar assim, ora muito alto, ora coberto duma espuma lenta de perfumes e desejos, não se pode nem trabalhar, nem sofrer, nem fazer qualquer coisa pela humanidade. Quando muito, apetece dissolver-se no elemento aquático, para não ter de aturar os prazeres duma democracia tão letal como esta.

Apesar de tudo, esse norte-sul de que fala o Aventino é uma alternativa brilhante, para partir, para regressar, para esvaziar a mala e retomar a malha densa dos dias trabalhosos. Como o tempo já vai sendo muito, eu não resisti à melancolia dum sul que tudo nos promete e tudo nos vai dando, mas  por escassos intervalos de esperança. Aí nasceram versos elegíacos, para dizer que o verão se perdeu sem culpa formada. E que as doces lembranças fazem de setembro e outubro um álbum espiritual, para abrir em dias de chuva ou de frio, com música de piano ao longe. 

 

Estou sentado num lugar azul,

tão alto que se funde com o céu:

daqui te falo, meu amor do sul,

do pardo mar que nos aconteceu.


Falo deste verão que está passando,

tão lento, tão inútil, tão devasso.

Procuro desde aqui o vento brando

que em nós morava dentro dum abraço.


Eu sei, não nos amámos nessa espuma,

que se desfez na areia num segundo.

Mas sabes bem que havia aquela duna

que em segredo sabia o que era o mundo.


Perdemo-nos nas ondas do verão,

num tempo tão azul como este céu.

Eu segurei-te o corpo pela mão, 

mas nem sequer sabia se era teu.


Passou agosto, não passou setembro.

Em outubro fizemos um retrato.

Do que passou depois já não me lembro,

tudo jaz num silêncio de recato.


Estou num lugar alto, muito alto,

sentado em cima desse tempo azul:

ainda trago o corpo em sobressalto, 

das dunas destruídas neste sul.


Que mar foi este que assim nos tornou,

tão frágeis, tão chorosos e tão sós?

Qual de nós neste mar se equivocou

e tristes nos deixou dentro de nós?


Estou sentado sobre o tempo breve.

Olho ao longe um azul infinito.

Ainda se respira um vento leve,

mas esta paisagem é um grito.

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