2013-12-28
AVENTINO - PORTO
A PALMEIRA
1.Considero que são OITO os ELOS que unem os AAR´s e argamassam a ASSOCIAÇÃO: o afecto, um passado comum, o Site, os Grandes Encontros Anuais, os encontros locais, as tertúlias de alguns grupos, A Palmeira e um Elo mais ou menos inexplicável que não tem cor, nem cheiro, nem sabor, mas que paira constantemente sobre o nosso universo dos AAR´s.
2. Nós sabemos que os povos das periferias (como os portugueses) são, genética e animicamente, menores. Mas os AAR´s são do melhor que há na sociedade portuguesa. Inteligentes, cultos, generosos e honrados. Cumprimos e continuamos a cumprir Portugal. Produzimos riqueza, geramos e criamos filhos. Lutamos pelo amor, lutamos pela liberdade e pela tolerância, somos abertos à diferença, à crença e ao ateismo, ao igual e ao desigual.
Não tenhamos medo de afirmar que um dia, o professor ou o padre chamou os nossos pais e, do silêncio da pobreza das nossas famílias, arrancou-nos das veredas da miséria e da ignorância, para nos anunciar um mundo melhor.
Para padre?!, perguntou o meu pai a esse maravilhoso ser que se chama Orandino. Para o seminário, respondeu-lhe Orandino. Porquê? Porque já então nos reconheceram que a criança que éramos, mais ano menos ano, haveríamos de ser o HOMEM de qualidade que somos.
3. Então falemos de A PALMEIRA:
a) Todos nós temos reconhecido o labor, o empenho, a dedicação e a grandeza desses nossos companheiros que a labutam e que a têm feito o marco que marca a nossa história, o nosso passado e certamente o nosso devir. Para eles nunca é demais expressar louvor e gratidão, glória e penhora pelo que têm trazido aos nossos corações. Mas pediram-nos que falemos da A PALMEIRA, criticando, o bom, o mau e o assim-assim.
b) Nunca gostei do nome e manifestei-o várias vezes. O nome A PALMEIRA não traduz nada de um redentorista, tem um leve sabor biblico e, àparte haver uma palmeira à entrada da Quinta da Barrosa, nada mais representa na formação que recebemos desse lugar de que falamos. Sugeri, outrora, outros nomes para a revista, porventura, melhores, porventura piores, quais sejam, O Bosque, O Elo (chegou a haver um jornalzeco interno com este nome) mas o que mais me agradou, sempre, foi a inexistência de título nenhum: apenas, Revista dos Antigos Alunos Redentoristas.
c) A qualidade dos seus textos é apenas suficiente sem desprimor, naturalmente, para um outro escrito de muito boa qualidade. Há exigência na ortografia e na sintaxe, mas não há inovação, nem diversidade, nem universalidade. Cinco minutos depois de a teres recebido, A Palmeira morreu. Quem a lê, que não seja um Redentorista, não a lê. Põe-na de lado e diz, simplesmente, "coisa de seminaristas".
d) A PALMEIRA é, com certeza, um instrumento de união entre os AAR´s mas também, claramente, um instrumento de separação e de rejeição por parte de muitos dos que percorreram os mesmos trilhos do nosso percurso. Há tantos, tantos, que, com base em A Palmeira apenas, não se querem envolver na AAAR. A PALMEIRA tem, quase sempre, um odor a Padre, à Igreja, à religião e a um tempo e sentir que muitos querem esquecer. A PALMEIRA não pode ser a evocação do passado nem um triste sentir da infelicidade. A PALMEIRA só pode ser o NOVO, o criativo, o futuro. A A Palmeira navega, hoje, na sua imagem, nas mesmas águas da MÍRIAM, do REDENTOR, da IURD e de tantas outras publicações de diversos credos que, tantas vezes nos entopem as nossas caixas do correio. A A Palmeira é, parafraseando o direito civil do ordenamento jurídico português, uma "menoridade".
e) A Palmeira percorre todas as cores do arco-iris, com cor e diversidade de cores a mais, sem uniformidade que lhe marque um estilo do princípio ao fim, assemelhando-se, muitas vezes, a um panfleto comunista ou fascista, de supermercado, do El Corte Inglês ou da tabacaria do senhor Gomes que agora serve frangos de churrasco até às 23 horas de todos os sábados. A A Palmeira é pequena em dimensão, parca em exigência, redutora na criatividade. Os AAR´s são capazes de muito mais e de muito melhor. Os AAR´s são pessoas de grande qualidade e essa qualidade não tem vindo a ter paralelo nesta publicação.
4. O QUE HÁ A FAZER?:
a) Uma revista com 50 páginas, pelo menos.
b) Constituir alguns escritores permanentes e os demais por convite, por sorteio, por exigência, por qualquer forma que crie nos AAR´s a obrigação ética de, ao menos uma vez na vida, trazerem a sua voz à revista.
c) Criar rubricas, como tantas outras publicações fazem. Rubricas de: "poesia", "crónica", "conto", "a minha vida", "o pensamento filosófico", "culinária e sabores", "viagens", enfim, uma infinidade de temas que seduzam o AAR e o incentivem a trazer aqui o seu pensamento, o seu percurso de vida e da sua família, quem é, o que foi e o que espera do resto dos dias. Rubricas que provoquem o AAR e o levantem dessa letargia que se agrava a cada dia que passa. Rubricas que cativem os AAR´s mais novos a participarem e modificarem o seu actual pensamento que "esta coisa é coisa de padres". Já repararam, porventura, que não há AAR´s activos após os anos 66/67 de entrada no seminário? Ora, a A PALMEIRA é a única voz que pode fazer muito por essa conversão.
d) Criar um prémio, uma distinção, um concurso que venha a distinguir o melhor texto, a melhor participação, o melhor AAR em cada revista.
e) Revolucionar e acabar com essa a IMAGEM clerical e "coimbrinha" que ela tem. Um novo style, um novo look, uma plástica que revele a nossa modernidade e irreverência ao mundo da nossa adolescência que tudo nos deu e tudo nos roubou.
f) Finalmente:
"Para ser grande, sê inteiro. Nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a lua toda brilha, porque alto vive" (Ricardo Reis)