Peinado, agradeço teres entrado neste diálogo sobre a Palmeira.
Vou fazer algumas considerações sobre o teu post.
1. Já não é a primeira vez que referes o pequeno tamanho da letra. Gostaria de corresponder à tua sugestão mas, como vês, lutamos com falta de espaço pois só temos 20 páginas. Se aumentarmos ao tamanho da letra, então haverá ainda menos variedade de artigos e autores.
2. O Grupo Coordenador continua a ser o mesmo: Arsénio, Assis e Nabais. O Barros é o responsável pela coordenação gráfica. Falei nele porque alguns temas pertinentemente levantados pelo Aventino se referem à sua intervenção estética na Palmeira. Isto dito, convirá saber que todos trabalhamos em equipa com os coordenadores regionais.
3. Peinado, o Grupo Coordenador deveria ter “mais elementos activos” ou elementos mais activos?
Se te regeres ao número de elementos, penso que os actuais são suficientes… contando com os dois coordenadores Sul e Norte. O nosso problema é, UNICAMENTE, a falta de verba para podermos tirar mais números, aumentar o número de páginas e, consequentemente, o número de colaboradores. E, pelos vistos, não há Troika que nos valha. Estamos com um défice tremendo! Os mercados estão cada vez mais fechados!!!
4. A tua sugestão é interessante: “um grupo de AARS que garantissem uma cotização que financiasse os custos”. Como concretizá-la? Poderia ser um caminho a explorar. Haja ideias e… voluntários!
Amigo Peinado, obrigado pelas tuas achegas.
Bom seria que outros aparecessem! Para este diálogo não faz falta ter grandes dotes literários. Basta falar. Livremente. Com quem conversa num grupo de amigos.
Bom Ano 2014 para ti e para todos os que nos lerem (embora muitos fiquem calados!).
Aventino e colegas, falemos, então, da Palmeira.
É de opiniões assim que eu gosto. O Aventino falou e não bajulou. Interveio num tom e cadência salutarmente provocadores mas claramente construtivos.
Se calhar, esperam todos por umas palavras minhas que, desta vez, não vão representar a opinião do Grupo Coordenador. E faço-o, sobretudo, com a intenção de que os outros elementos se pronunciem: Assis, Barros, Nabais, e os coordenadores regionais, Alexandre e José Rodrigues. Claro que a antena está aberta a todos os associados e leitores.
Vou seguir as alíneas do texto do Aventino que se referem especificamente à Palmeira e que começam no ponto
3. Então falemos da Palmeira
a) Reconhecimento.
Mais uma vez devo dizer que sabe sempre bem ouvir palavras de apreço pelo esforço dos que, com sacrifício do seu tempo e etc., têm conseguido trazer (às vezes… arrastar!) a Palmeira até ao seu 36º exemplar. Obrigado em nome do Grupo.
b) O nome da revista: Palmeira.
Na Assembleia em que eu lancei a iniciativa duma revista, a ideia não foi entusiasticamente recebida. Alguém, de quem recordo o nome, chegou a vaticinar um número de existência e… nada mais. Quanto ao nome que sugeri, tanto quanto me lembro, recebeu unanimidade. Sinceramente, não recordo, Aventino, que alguém tenha sugerido outro diferente. Mas admito que sim. Contudo, não penso que este seja um tema de interesse para nos ocuparmos dele agora pois nunca iremos “crismá-la” e mudar-lhe o nome. Ela já é de maioridade! Será sempre Palmeira, aquela que a todos viu entrar e sair, aquela que do alto viu os nossos jogos, espiou as nossas amizades (públicas e “privadas”!), sentiu nas suas raízes a nossa tristeza e fome de liberdade e de afectos. Nós iremos e ela há-de ficar. Nós somos mortais. Ela é eterna! Palmeira!
c) A qualidade dos seus textos
Desde a sua origem, a Palmeira pretendeu ser apenas e sempre “um elo de ligação” entre aqueles que a aceitaram como tal, na sua grande maioria, os associados de então. Depois foi sendo enviada a todos de quem obtivemos o endereço. Presentemente, ela chega a cerca de 300 ex-alunos. Neste momento, não recebemos devoluções, coisa que aconteceu, por vezes, no início. Temo-nos esforçado por que os seus textos apareçam em português correcto (ortografia e sintaxe); nunca exigimos textos de grande elevação literária, embora eles sejam sempre bem-vindos, pois não é esse o seu objectivo. Penso até que, por vezes, teremos exagerado na quantidade e qualidade dos textos por número, o que pode levar a certo retraimento doutros elementos para colaborar. Pelo menos, tal me têm comunicado neste sentido quando solicito colaboração. Portanto, ficaria muito contente se a colaboração fosse cada vez mais diversificada pelo que aos autores diz respeito embora com “a qualidade dos seus textos apenas suficiente”, como dizes. Isto sem desvalorizar textos como os que têm aparecido de grande valor literário. De tudo um pouco. Como convém a uma plataforma que se pretende seja diversificada, tolerante e respeitadora da diferença. Não me espanta nada que alguém diga da Palmeira que é “coisa de seminaristas” porque, de facto, assim é... de ex-seminaristas. Muito embora, se olharmos, por exemplo para este nº 36, dificilmente alguém dirá tal ao ler a maioria dos seus artigos. Antes, pelo contrário!
d) A Palmeira é “um instrumento de separação e de rejeição”.
Este é um tema que merece a nossa atenção. Temos que agradecer ao Aventino o ter focado este aspecto e fico deveras preocupado. Apesar de nunca nos ter chegado informação de que a Palmeira seja o motivo por que muitos dos ex mais novos não se aproximam da Associação, teremos que aprofundar e reflectir sobre isso. E será SÓ esse o motivo?
Poderá ser este um tema para a nossa próxima Assembleia Geral. Concordo, pois este é um assunto que se prende com a continuidade da Associação.
Mas, no que à orientação da Palmeira diz respeito, repito aqui o que já várias vezes proclamei pública e privadamente: Desde o início, aquando da feitura dos Estatutos e posteriormente, defendi e defenderei sempre que a Associação não deve ser uma espécie de “Ordem Terceira dos Redentoristas” nem um “Grupo de Excursionistas” ou um “Clube de Literatos”. Neste sentido temos lutado, tanto nas sucessivas listas para a Direcção que tem sido o mais pluralista e abrangente possível, como (e aqui entramos novamente no assunto) na feitura da Palmeira. Na Palmeira têm TODOS lugar: crentes, agnósticos, ateus, nem-uma-coisa-nem-outra, dotados de capacidade literária e menos dotados literariamente falando. Uma condição: Liberdade de ideias e respeito pelas pessoas na sua diversidade. As ideias combatem-se. As pessoas respeitam-se. A Palmeira não tem complexos de qualquer índole. Aceita todos os “odores” desde que não firam a pituitária de ninguém! Somos um grupo tão diferente que toda a diferença deve ter lugar! A Palmeira já atingiu a maioridade e, por isso mesmo, a experiência lhe ensinou que todos e cada um de nós tem o(s) seu(s) credo(s) que alimenta como absoluto(s) e a quem se agarra para não fenecer abandonado numa esquina qualquer.
e) As cores da Palmeira
Entendo o que queres dizer, Aventino. De facto, desde que passámos a publicar a Palmeira a cores (há coisa duns 3 ou 4 números) temos seguido a orientação do Barros que, por formação profissional, nos tem orientado. Esta orientação tem optado por, em cada nº, escolhermos uma cor diferente que se define pelo background do título “Palmeira” em conjugação com a ilustração da 1ª pág. Por exemplo, neste último nº há quatro cores (amarelo, azul, magenta e castanho) três das quais se repetem ao longo dos artigos: azul, magenta e castanho.
Mas concedo que talvez pudéssemos optar por um só grupo de cores durante um ano inteiro. Talvez houvesse mais “unidade”? Não sei..
4. O que há a fazer
a) “A Palmeira é pequena em dimensão”, dizes. E acrescentas: “Uma revista com 50 páginas, pelo menos.” Quem nos dera!, digo eu.
Mas, também aqui o ideal se afasta da realidade. Olha só:
Cada edição da Palmeira (com 20 páginas) custa 1.220 euros.
As nossas contas: Resultado negativo do ano 2012: € 913,51.
b) Colaboradores.
O que sugeres é mais ou menos o que acontece. Há já os que tu apelidas de “permanentes” e os outros que vão aparecendo sempre que os convido. Alguns, como disse atrás, inibem-se porque, dizem, não ter a qualidade literária que julgam necessária para não “ficar mal perante os outros”.
A “obrigação ética” não me parece ser um caminho motivador.
c) Criar rubricas.
É uma ideia a voltar a explorar. Lembras-te das rubricas “Porque saí?” e “Porque entrei?” Depressa acabaram por falta colaboradores. Das rubricas iniciais só resta “A Solidão dos Agapantos”. Mas vou ter essa sugestão em conta.
Quanto às outras duas alíneas penso que já falei ao longo do texto.
Aventino, abriste a antena. Só tenho que agradecer-te. Sinceramente.
É de esperar que outros se manifestem seguindo os temas e questões que levantaste. Expus livremente a minha opinião mas estou aberto a aceitar toda e qualquer sugestão que seja consensual.
Grande abraço e Bom Ano de 2014.
Pensava eu voltar só em 2014 mas depois de ler o Assis, não pude ficar calado e por isso, cá estou mais uma vez em 2013.
Meu caro amigo Assis. Se aprecias o café doce e quente, fica sabendo que estás muito bem encaminhado para te apresentares como bom apreciador.
Sei de fonte fidedigna, que o café para ser bom, tem que ser negro como a noite, quente como o inferno e doce como o amor. Como bem podes verificar, estás quase lá. Dos três predicados que um bom café pode ter, dois já constam na tua tabela de preferência. Falta muito pouco para te poderes assumir como grande apreciador. continua a praticar.
mais uma vez bom ano p'ra todos e aquele abraço.
Zé Lamaswe
O pacotinho de açúcar
Tomava há dias na foz do rio Âncora, calmamente, o meu cafezinho do almoço, como sempre com açúcar. Não me considero grande apreciador de café, pois sempre ouvi que 'um bom apreciador tem de o tomar sem açúcar'. Mas não sou perito no que ao café se refere, como o não sou na escolha de um "bom" vinho ou de um "bom" gim, ou mesmo de uma "boa" lampreiada. Sei, todavia, quando todos eles me agradam ou não agradam, pelo seu odor ou sabor. Cheiro, saboreio e tanto me basta: Gosto, ou não gosto...não mais. Aprecio, todavia, a boa companhia de quantos me acompanham.
Sim, tomava tranquilamente o meu cafezinho bem quente - se assim não for ele para mim pouco vale - e já me dispunha a colocar no prato o papelito que antes servira de saqueta ao açúcar. As cores do animal nele representado chamaram-me para que o examinasse com alguma curiosidade. Eram de fogo e, como labaredas, elas transportaram-me às "anharas" do leste de Angola. Àquelas planícies imensas onde nas noites de seca íamos à procura de uma peça de caça que matasse a fome aos 46 militares que faziam pela vida no meu destacamento. Estávamos fartos de chouriço com arroz e arroz com chouriço...Olhei e voltei a olhar a imagem da onça do papepito. Estendi-o sobre o vidro da mesa e com a ajuda de dois dedos procurei volvê-lo ao tamanho inicial para melhor apreciar a beleza daquele animal. Só então me apercebi da frase que nele havia escrita: "solta a fera que há em ti".
Foi este o mote e não o sabor do café que me inspirou para escrever estas breves linhas.
Todos nós, os AAARs, por muito que tentemos esquecer, fomos prisioneiros dum determinado tempo. Não temos dúvida, somos frutos desse tempo. Mas somos também frutos de árvores generosas que nos abrigaram e nos alimentaram em épocas difíceis. Uns mais do que outros é certo. Resta-nos - o tempo é já pouco - o trabalho de soltarmos a fera que segue dormindo em nós, sermos Livres.
Neste fim de ano e época festiva de Natal, onde a "divindade é o menos" como diz o Torga, relembro, a quem o possa fazer, a leitura de um outro menino Jesus não menos belo, o de Fernando Pessoa. Poderá ser até escutado na internete pela voz de Maria Bethania. Uma interpretação que julgo excepcional.
Dois poemas prenhes de Humanidade. Poemas onde sentimos que seus autores soltaram suavemente a "fera" que inquieta dormia no mais íntimo deles mesmos.
Nas intervenções destes últimos dias a "fera" - nada perigosa...ela não morde...- foi solta por alguém(s), para bem de todos, nas linhas escritas no "fale connosco". Todos nós devemos alegra-nos que assim tenha acontecido. E que outros mais venham no Novo Ano e se anunciem em Humana Liberdade.
BOM ANO !
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