2014-06-23
Alexandre Gonçalves - Palmela
AINDA BEJA E...
Quando o Arsénio me informou por tm que o autocarro tinha saído de Gaia às 6.29, percebi com muita alegria que esta viagem estava ganha. E quando vemos o monstro verde a contornar majestosamente a rotunda do Centro Sul à hora prevista, para o descanso legal, gritámos de festa e de abraços multiplicados até à brancura da planície. Beja é mesmo de ir, sobretudo em Maio e Junho, se esse Junho não for um incêndio, como ia sendo no primeiro dia. Mas não vou acrescentar nada ao que já foi dito com algum rigor, quase em jeito de acta, sobretudo pelo Arsénio. Convém no entanto lembrar que foi excessiva a colagem do meu nome a este encontro. A organização deveu-se primeiramente aos belíssimos anfitriões, o Vaz e a Guida. Desde o início, puseram nisso entusiasmo e conhecimentos. Lidaram agilmente com alterações de última hora, por forma a sentirmos que tudo fora pensado ao pormenor. Depois, há que referir que eu e o Arsénio fizemos um trabalho de bastidores, que pode ter aqui e além algum incómodo, mas nada que não se ultrapasse no hora seguinte. Por fim, como já nos habituámos, o Assis e o Nabais fizeram com muita experiência e bom senso o ingrato papel de cobradores de impostos. Há ainda a destacar a simpatia e a adesão gostosa dos participantes, sem as quais não havia organização que chegasse. O que se lamenta e causa transtorno são duas atitudes recorrentes: as inscrições hesitantes e tardias, por um lado e por outro, as desistências nos dois últimos dias. São aspectos a corrigir. Temos de acreditar nos que se empenham voluntariamente na preparação das viagens. E a melhor maneira não é duvidar. A ASSOCIAÇÂO precisa, ainda pode e como temos visto agradece. Este país é estreito mas tem recantos inesquecíveis. Não nos deram dinheiro mas deram-nos beleza. Viajar é um acto espiritual elevado. É porventura a mais nobre das ocupações, quando nos dizem que já não servimos para nada. E aqui precisamos todos uns dos outros. Sem quorum, não há coro...
...REPÚDIO
Em filosofia, entre muitas distinções, há duas particularmente pertinentes. Convicção não é a mesma coisa que opinião. As opiniões são como a água benta. Cada qual consome a que lhe apetecer. Não carece de prova e navega nas turvas águas do senso comum. É aquilo que se adquire de ouvido, como é frequente na mentalidade popular. Nasce nesse parto obscuro a cultura do boato e da coscuvilhice. Prende-se aos hábitos, aos preconceitos e à disfunção reflexiva. Por isso revela leviandade e falta de rigor. Quando se apela para a "minha opinião" como fundamento ou falsa humildade, podemos presumir que a afirmação assim produzida não é credível.
A convicção exige pesquisa, reflexão, espírito crítico. Em suma, a convicção pressupõe trabalho e seriedade. E quando isso é feito com rigor, ela não permite ainda qualquer afloração de arrogância. São matérias delicadas, que se prendem com a complexidade, com a espessura opaca das coisas humanas.
Partindo desta distinção, não posso deixar de repudiar os "desabafos" (só os desabafos, não o amigo M.Ribeiro) acerca do Prof. Doutor Jorge Bento, cujo currículo nos é familiar. Cujas obras estão disponíveis no mercado. O que está publicado nas linhas 7, 8 e 9 é execrável, mais que não fosse pelo simples facto de ser apenas a "opinião" do autor, da qual ele mesmo pede desculpa. Tratando-se de um colega brilhante da nossa associação, o mínimo que se pedia ai M.R. era que estivesse calado, já que não tem o espírito aberto para o ouvir num programa de televisão. Quando fala, não fala de opiniões. Fala de conhecimentos e convicções, de que deu fartas provas. Foi por coerência que abandonou "tachos e prebendas" da bondade institucional em uso. Não nasceu em berço de oiro. Fez-se a pulso, como quem cava uma vinha. Meu amigo Martins Ribeiro, penso que não farias nada de mais se pedisses desculpas a todos os associados, pelo mesmo meio pelo qual os incomodaste com as tuas opiniões infundadas, e prometesses estudar um pouco melhor a sua biografia. Porque a tem. Nem todos podemos dizer o mesmo.