2014-07-07
A. Martins Ribeiro. - Terras de Valdevez
A PROMESSA
Quando se cumprem as promessas fica-se bem e com a consciência tranquila.
E foi o caso que, estando hoje em minha casa a tentar combater aquela azucrinante e corrosiva rotina, eis que surge no meu telemóvel a versejante mensagem de um nosso companheiro:
Fugi da beira-mar
Que a coisa por lá está preta,
Aos Arcos vim parar
Na praia da Valeta.
Nem foi preciso adivinhar quem seria pois logo percebi que, a versejar daquela maneira, só podia ser o nosso amigo Lamas mais a Dª.Argentina que estavam mesmo ali em frente da minha casa. Foi uma grata surpresa, na verdade, dizendo que tinham fugido da Apúlia onde foram saborear umas gostosas sardinhas, corridos por desagradável ventania marítima e dando-lhes assim aso a que, dessa forma, pudessem cumprir o prometido de, em qualquer dia, (que chegou) me fazerem uma visita. Só que estas coisas das surpresas têm os seus inconvenientes porque, ás vezes, nos deixam ficar mal e a verdade é que fui apanhado um tanto desprevenido em matéria de provisões, pois não sou produtor de nada. Porém, lembrei-me de que tinha no frigorífico a tal oportuna e salvadora garrafa de alvarinho, fresquinha e chamativa, que logo me acalmou o nervoso miudinho do eminente fracasso. Mas, oh desgraça, se aparentemente me senti salvo foi apenas uma ilusão pois á pinga parece que lhe tinham dado as sezões de qualquer febre amarela. Mas enfim, ficará o desejo de que noutra altura a situação venha a melhorar substancialmente. No entanto, o que contou foi mesmo o grande prazer e a subida honra que esses amigos nos deram, gesto que de todo o coração agradecemos. E, claro, deu tempo de sobra para revivermos tempos passados, desde o recanto da Barrosa até ás desabrigadas e extensas planuras da vida. Como não podia deixar de ser, vou terminar pagando-lhe, para já, na mesma moeda:
Foi uma grata partida
Que o Lamas me pregou:
Mas vai ser retribuída
Como assim se combinou.