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2014-12-31

Aventino - PORTO

QUERO VOLTAR PARA OS BRAÇOS DA MINHA MÃE

Do que falais vós se não da perda dos braços das vossas mães?. Do que falais vós se não de um dia tenebroso da nossa infância em que nos mataram o amor? Não são traumas?!Não?! Então porque, tantos e tantos anos que já foram e, aqui estais vós recordando aquele dia como se estivesse lavrado numa tela ou firme numa rocha inquebrável? 

Esconjurai pois a nossa memória. Deixai-nos viver, partir, morrer, navegar sem esse passado que me persegue e anoitece todas as minhas noites. Já fiz de tudo para perder esse maldito sentir: terapia individual, terapia de grupo, cemitério todas as semanas, depois todos os meses; visitei todos os locais que me lembram esse dia. Chorei, revoltei-me, apaziguei-me. Fui crente, depois ateu, depois novamente crente e agora não sei sequer o que sou. Fiz teatro, disse poesia à mãe, escrevi prosa, fiz versos e de nada, de nada me valeu. Tudo, tudo me regressa a sete de outubro de 1964 de uma era que dizem ser de Cristo.

E agora aqui estou, continuamente em desprezo por esse dia que me trouxe toda a angústia que carrego hoje. Mas quanto mais fujo dele mais ele me persegue. Não lanço a culpa a ninguém nem a nenhuma circunstância da vida terrena e, como repetidamente afirmo, "gracias à la vida que me há dado tanto". Vivo em gratidão a um Seminário que me acolheu menino e que, á excepção de um tipo que por lá andava e anda, era de gente honrada, generosa e nobre que criaram estes homens de qualidade que hoje somos e andamos por esses cantos do mundo deixando a nossa marca de grandeza. Mas por favor e piedade, dêem-me a primeira vez do CASTRO, as recordações do CASTRO, a cabeça limpa do CASTRO. Se isso vier... terei paz. 

2014-12-31

manuel vieira - esposende

A primeira vez do Castro... quem diria.

A viagem atribulada em camioneta de Entre-os-Rios até ao Porto, de lágrimas cheias na despedida da mãe e no percurso sinuoso a gerar os enjoos acelerados pelos fumos do "gasol", as boas tripas à moda do Porto cheirosas dos cominhos, na Rua Cimo de Vila junto ao cinema do S.João, a entrada pelo portão da Quinta e o braço protetor do seu "anjo".

O beijo do pai, não o primeiro mas talvez o segundo, a encobrir a despedida materna da manhã na aldeia distante, hoje ali tão perto, já no desassossego curioso de saudade  nas paredes altas daquele casarão que lhe traçava a vida.

A primeira vez do Castro ... quem diria.

A vida não foi foda como alguns pensaram e não deixou traumas. Deixou marcas de uma viagem, pormenores de um percurso que nunca foram conversados à mesa, lembrados hoje junto à janela que esconde o frio e mostra as luzinhas de uma época de saudade.

Quem recordou traumas? Talvez só saudades das mãos suaves da mãe chorosa naquela manhã longa do terceiro dia de Outubro de uma viagem tenebrosa.

Claro que as paredes eram altas e os muros da fronteira deixaram distâncias, mas cada um tem a sua primeira vez ao galgar o já velho portão ferroso que testemunhou traumas...

2014-12-30

Castro - Penafiel

TRAUMAS? A minha primeira vez...

Seria cedo porque a minha mãe estava na cama. Ou então era cedo para ver o dia nascido sabendo o seu unico menino não estaria por ali a asneirar. A minha mãe estava a chorar quando me abraçou e beijou não sei quantas vezes e eu também comecei a chorar. Foi a segunda vez que a vi chorar. A primeira vez foi por causa de uma dor de dentes que a torturava.

O meu pai estava ali ao meu lado. Seria Outubro de 1968 e nesse dia o meu pai certamente muito a custo, fez questão de viajar de camioneta para me acompanhar até ao Porto. De motorizada seria bem mais fácil, mas o dia era especial. Também para ele seria um dia inesquecível. Morreu, sem que tivessemos partilhado as nossas emoções desse dia. Sem eu ter sabido, o que ele recordava desse dia.

Por volta das nove horas apanhamos na Torre (junto ao hotel), a camioneta que seria do "Almeida e Filhos", "Alpendurada" ou "Escamarão".

Poucos Km tínhamos percorrido instalados nos nossos lugares. O meu pai à janela e eu do lado do corredor. Ele não gostava de andar de camioneta. Estavamos sentados do lado direito.

Sem que alguém pudesse compreender o que estava a acontecer, o meu pai levantou-se até que as pernas mais não dessem e, inclinado para trás, em completo desiquilíbrio, começou aos gritos sem nexo. Berrava exactamente como eu já o tinha ouvido a berrar aos coelhos para que não se mexessem, quando os encontrava na cama.

Mas não estavamos à caça. Não havia coelhos. E nunca se tinha vomitado todo enquanto lhes berrava. Tombou para o lado e desmaiou.

E eu? Chorava. E a camioneta? Continuava. Havia um horário a cumprir e de qualquer forma, não havia "INEM" ou telemóveis a não ser os dos filmes do "Santo".

Em Penafiel se decidiria o que fazer.

- "Para onde vais com o teu pai"?

- "Vou para o seminário".

Entretanto o meu pai com umas bofetadas voltou a ele. "Quer sair? - Não! Vou levar o meu filho ao seminário a Vila Nova de Gaia. Já estou bem"... e eu, chorava.

Depois ajudado, limpou a camisa e o fato. Eu calei-me e a viagem continuou. Não me lembro de termos falado na viagem.

Quando pela primeira vez na vida vi o Porto tudo foi novidade. Tantas casas e tantos carros... Muito mais que em Penafiel onde já tinha ido por diversas vezes.

Mas nem tudo foi mau nessa viagem. Também recordo com o mesmo pormenor o nosso almoço. Não sei onde, mas foi numa pequena tasquinha que presumo seja ali bem perto do Teatro S. João. AS MELHORES TRIPAS DA MINHA VIDA. Nunca tinha comido coisa assim tão boa e como o meu pai pouco comeu... mais pude comer eu.

Depois de almoçar e com o meu pai recomposto fomos de táxi para a Rua das Devesas.

Ali chegados, despedi-me do meu pai que me beijou emocionado. Eu... chorava. Penso que foi o segundo beijo que dele recebi. Muitos mais vieram nos anos que se seguiram mas esse tenho quase a certeza que foi o segundo. O primeiro foi na minha comunhão solene e eu não chorei.

O meu pai saiu para uma viagem de regresso, certamente mais que penosa. Um dos prefeitos, apresentou-me o que viria a ser o meu "anjo". Pode não ter sido o melhor "anjo"do seminário mas foi o meu e por isso ainda hoje lhe estou grato. O nosso colega ALBINO COELHO LOPES. Mora hoje na Rua da Formiga nº 69 da freguesia de Campanhã.

TRAUMAS? Esta foi a minha primeira vez. TRAUMAS? Quem os não terá?

Mas, a vida continuou sem muito espaço para lamber feridas. Ainda bem que no meu percurso de vida tenho esta história para contar, pois sem essa primeira vez, provavelmente nunca teria ido estudar.

Ao Seminário devo sem qualquer trauma, no mínimo um MUITO OBRIGADO!

Para vós (em particular para as mentes mais perversas...) um GRANDE ABRAÇO E UM BOM 2015.

 

2014-12-24

manuel vieira - esposende

“Ser Natal era sinónimo de ir à terra, sentir o cheiro do frio exalado das terras nuas e húmidas, sentir os aromas das panelas enegrecidas pelos fumos das lenhas crepitantes.

Era... sim, como se os tempos tivessem esquecido essa ansiedade de ir e voltar.

É verdade, os tempos mudaram e já lá não vivem as raízes  que atraíam a saudade, decerto.

Curioso o mundo:  já se inverteram os papéis , já cresceram os filhos, já crescem os netos e a atração do presépio  mora agora ali.

A tradição repete-se  ali tão pertinho  e o Natal parece ter cheiro urbano.

Pois é, mais um Natal e os votos de Festas natalícias felizes repetem-se, ouvem-se, lêem-se , escrevem-se  com a singeleza de um sorriso e eu associo-me a esse sentir.

Para ti e para a tua família remeto os votos sinceros de Festas muito Felizes, muitas coisas boas e sobretudo muita saúde.”

 

Com esta mensagem cheguei a casa de muitos colegas  e encantei-me hoje com tantas respostas, algumas surpreendentes, pelo conteúdo e também pelo inesperado, de alguns que eu nunca vi e outros que lembro ainda crianças, uns a viver bem longe e outros tão perto.

Fiquei sensibilizado e até nostálgico por alguns cenários que me levaram a lembrar o Natal da meninice e o calor da família. Este ano enchi as medidas a ler.

Um Natal bom, mesmo bom, muita saúde à mistura e um Ano Novo de reforço da nossa amizade, são os meus votos sinceros.

2014-12-22

Ismael Malhadas Vigário - Braga

Diálogo com o Menino Jesus:

 

O menino está a rir e a estrela cintila no seu dedinho, vem com o pé à boquinha e ri, ri de tanta alegria. A vaquinha com o bafo quentinho arrosa a cara do menino. A virgem estende a mão a segurar o menino para não cair do bercinho (que o S. José não teve tempo de o arranjar devido a tantas tarefas para sobreviver) é cedinho para ires para a brincadeira. Os teus amigos, bem,  estão lá fora e são todos traquinas como tu, (que isto de seres o Menino Jesus não quer dizer que sejas muito diferente, também queres desobedecer, fugir do berço, ir às perdizes, ou às moças, assim que cresças e te tornes mais espigadote). Calma – disse o S. José (que foi primeiro homem e só depois S. José, por mérito dele ou por ter ajudado a criar o Menino Jesus nos primeiros anos, que, depois até o incomodou, que não percebia nada daquele rapaz que tinha conhecido pequenino; viu-o num bercinho, fugiu com ele num burrinho etc…) Sossega, aí, deitadinho nas palhinhas e na manjedoura a olhar o bafo quentinho do burrinho e da vaquinha (que lá fora está muito frio e podes não sobreviver e isso, para nós, é um grande transtorno, pois já demos tanto de nós para tu nasceres e, agora, não deites tudo a perder).

Mas o menino nasceu com tanta energia, (e querem-no ali molinho e quentinho a olhar e a contar as estrelas que lhe entram pela cabana, não tem nenhuma piada) está-se sempre a mexer e não cabe em si de tanta vontade de ir dar um recado a outros meninos que o conheceram noutras lides, que ele nem percebe bem; tem vontade de dar umas voltas por lugarejos e ruelas à procura de companhia, ou de cumprir uma qualquer missão – levar meninos para o Pai, que ninguém compreende e, isso, vai ser o seu desastre, por ninguém se querer incomodar e, apenas, querer estar sentado numa qualquer esquina, num tasco a jogar a bisca, a jogar playstation, a correr, a tropeçar e a jogar à bola com fúria. O que eu quero, mesmo, diz o Menino Jesus, é ir lá para fora para a brincadeira, pois estão lá fora todos os meninos desvalidos e os outros, que me parece que se convencem que precisam menos, mas estão tão ufanos e orgulhosos de si mesmos, parecem-me uns ceguetas e preciso de lhes abrir os olhos e mostrar-lhes o mundo e verem-no melhor, que isto de só olharem para o seu umbigo é uma grande maçada, para não dizer coisas piores, viverem isolados em palácios e só conviverem com os amigos da sua igualha, discutirem as suas ideias e estarem sempre de acordo uns com os outros, e dizerem-se tão amigos uns dos outros que até assusta, são muito idiotas e narcisistas e, isto, não pode levar a bom porto, vai desembocar nalgum tsunami lunar que não sei quem é que se vai salvar.

O Menino Jesus vai e sai da cabana à vista de seu pai e diz-lhes: se quiserem venham comigo que há muito a fazer, isto de estarmos aqui nesta moleza a lamentarmo-nos com o frio e a aturar a vaquinha e a mulinha não é saudável, nem física nem moralmente: há gente que espera lá fora por ajuda, vamos contra a miséria e a acomodação – precisam emprego, evitar que andem a furtar, que outros são mais impacientes e assaltam, roubam e magoam. Isto de não terem nada para se aquecer, nada para comer e terem de andar sempre a pedir é terrível!... Há gente que se sente incomodada por ver tanta gente a estender a mão.

Depois, esses que tudo têm, queixam-se dos pobres e desempregados e acham que a culpa é deles que não querem trabalhar, senão que emigrem, deixem o país às moscas para uns quantos, para poucos, cá ficarem. Mas que em breve estes espertinhos vão pagar a sua maldadezinha, que, como são uns finórios medricas, não vão cá ficar sozinhos, quando chegarem os terroristas, porque são poucos e andam a construir ancoradouros privados no Douro, ou casas à beira mar ou no cimo dos montes …

Tenho de ir à vida, diz o Menino Jesus: Tenho de dar a ceia a muito pobrezinho, arranjar muitos cobertores para aquecer tanta gente com frio. Esta noite é noite feliz e não quero ninguém com fome e com frio, quer na alma quer no corpo, pois estou tão alegre como um cabritinho dos mais brincalhões que andam por aí a saltar pelas encostas aos trambolhões, em brincos de fazer inveja a um qualquer dromedário. Hoje quero que tudo esteja conforme, tudo a postos com ou sem talheres, mas com muita comidinha na mesa e casaca quentinha para o coração aquecer, pois pode haver alguém a ficar triste de tanto frio e desanimar a mente de tanto sofrimento, que hoje é noite de luz, de muita luz, aqui e em um qualquer luar, onde houver um qualquer ser humano, não importa o credo ou o seu pecado, que hoje é dia de paz, de amor e de fraternidade e, enquanto houver uma estrelinha com pouca luz, vamos acendê-la e levá-la  a qualquer lugar.

Vou depressa e já não volto para cama das palhinhas e mandem a vaquinha e a mulinha bugiar, melhor, que vão pastar para as colinas solarengas e cheias de muita ervinha que aqui no estábulo já ruminaram tempo que chegue. Bem vejo que, pelo olhar, estão sequiosas de outros ares e já prestaram bem um bom favor, quem dera que os humanos fossem assim tão generosos, que isto de os humanos chamarem animais à vaca e à mulinha e se acharem superiores, é bom de ver que não é um juízo de muito boa fé. Servem-se destes seres tão generosos, serviçais e amigos e depois lançam-lhe o epíteto de animais, que sabemos bem o que isso quer dizer na sua pobre cabeça de ideias de arrumação estranha. Vou já a correr, torna o Menino Jesus, sinto-me já forte e vou a correr sem parar por esta ladeira a abaixo e vou ajudar os pobres, dar carinho aos infelizes, justiça aos espoliados, meter na linha os espertinhos, que estão sempre a passar a perna aos humildes, com leis, e legitimações que a maioria não percebe, que isto de alguns serem pobres é uma grande trapalhada – Menino Jesus. Como tu dizes e pensas bem, só há pobres porque há alguns muito ricos que tiram demais a alguns e não são justos. Somos todos iguais, o sol é igual para todos, embora alguns construam casas com mais janelas e com orientação para a luz, a chuva cai para todos, mas alguns apanham mais com ela em cima, nem um guarda-chuva chinês arranjam, porque cinco euros é muito dinheiro para quem precisa de fazer as suas limitadas escolhas, que primeiro está comer e beber e aquecer-se, depois pode encostar-se a uma varanda, ou entrar num Centro Comercial, já não digo sentar-se numa mesa e comprar uma roupinha quentinha que isso custa uma nota preta para “um humilde animal”. É verdade que alguns dos pobres e remediados chegam a ricos, não é Menino Jesus, mas isso é uma raridade, agora, cada vez a transição está mais difícil e está-se tanto tempo neste patamar que passa a ser já um estádio ou um modo definitivo de vida, já não há sonho que venha, alimento que venha. Os pobres que chegam a ricos, esquecem logo as suas origens, pois, do mal todos se esquecem e recalcam de tal modo a dor que nem querem lembrar-se. Pobre homem, pobre cidadão que de humilde sobe a ufano triunfalista: que “eu consegui por mérito próprio e não devo nada a ninguém” – como se alguém se arvore no direito de prescindir dos outros para crescer e triunfar. Corações de pedra!.. Como é possível aprender com gente desta índole, diz o Menino Jesus – olhem-me de frente, olhos nos olhos, frente a frente, cara a cara que os vossos palácios não são apenas vossos, e que os outros não têm nada a ver com esses espaços tão luxuosos e tão elegantes? Esses palácios têm que estar abertos para toda a gente gozar dessa beleza e luxo. Vá, vamos lá, pensem nesta sugestão. E não pensem que me vou cansar de anunciar esta verdade. Só há pobres porque os ricos querem e só continuamos pobres, enquanto os pobres continuamos a aceitar a nossa situação de humilhação. Ninguém pode viver feliz, enquanto houver um homem humilhado. A humilhação dos pobres é o grito que clama da Terra ao Céu por justiça. Então, dizem alguns, pobres sempre houve. Não, cala-te, ó insensato. Pobre, verdadeiramente, és tu, pobre és apenas tu que te convences dessas ideias e as apregoas aos sete ventos. Essa afirmação é dum homem sem esperança, um homem isolado em si mesmo. Então não dizemos que nenhum homem é uma ilha? Tu és uma ilha? Vives sozinho? És auto-suficiente? Não dependes de tantos serviços que outros fazem? Cala-te, mil vezes, cala-te, estou farto de te ouvir, mas não penses que, mesmo sendo um ser humano teimoso e idiota, como és de facto, vou desistir de te querer convencer que mudes do teu triste e desgraçado caminho. Por causa das tuas ideias antigas é que o mundo é assim: egoísta, egocêntrico, mistificado, ludibriado e diabólico. Porque esse freguês, o diabinho, só espalha cizânia em todo o lado por onde passa, tem cá um fermento de levedar a massa para onde ele deseja: para o abismo. Afasta-te desse ser abjecto, não vás nas pinturas das suas belas palavras, são bonitas por fora, mas venenosas e com um enorme verrina por dentro. Desafia-o para a luta e verás que não passa de um medricas. Não vês os gajos do dinheiro, mesmo parentes a zangarem-se todos, recorrem ao insulto, à mordacidade, à inveja e maledicência para salvarem a face. Mas que face? Há gente que tem mil caras e, olha que isto não é só na ficção, na ação virtual. A realidade supera a ficção e muito mais. Nem te conto o que tenho visto depois que deixei o berço e comecei a intrometer-me por esses lugarejos, a ouvir nas esquinas, nos cafés e pastelarias. Porque deixei de fazer muita fé nos jornais. Aqui também paira a mentira. Dizem apenas que viram e ouviram, mas não dizem onde e em que circunstâncias. E a mentira deles tem muita força, porque engrossa muito idiota, que, por comodismo, escusa-se a pensar e a dialogar com outras mentes e cita o que ouviu, mas já não se lembra onde. Encontra-te, homem, encontra o teu ponto arquimédico, senão nem os anjos te salvam. Porque os anjos também andam transfigurados, a verdade travestida e não sei que hermenêutica arranjar para desfazer este deus Hermes, deus da mentira e dos ladrões e que se sabe disfarçar tão bem que ninguém, digo, quem não pensa, como tu, Menino Jesus, que não se engane e seja enganado. Temos de fazer uma suspensão do juízo senão ficamos todos loucos e só a Tua bondade e inteligência nos pode salvar. Não sei se não tens que renascer de novo, também não sei em que moldes. Que na cama de palhinhas, na manjedoura, não parece convencer muito mundo. Uma dada altura, falaste que não vinhas trazer a paz, mas a espada. Disseste tantas metáforas e usaste tantas alegorias que a gente ficou muito confusa e a Babel continua, porque o homem continua a não quer aprender a renovar-se, gosta de ser velho por dentro e por fora, tem enormes resistências para ser menino, um menino criativo e bom.

 

Autor: Ismael Malhadas Vigário

 

21.12.2014

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