Poema virgem:
E o frio das palavras magoa fundo
em mim o desejo de não as sentir,
mas vai até ao fundo de mim
e transtornam-me o ser
e deixo de ser eu
para ser a dor em mim
sinal das marcas das tuas palavras em mim.
Queria viver a usufruir o ser
e sentir completamente
o que vai fundo em meu desejo
de me sentir em ti.
(Dou comigo a não querer ouvir-te
e as palavras são a minha ferramenta
desde a manhã ao entardecer .
Como desgostar das tuas palavras
que para mim diriges?
És um novo Cupido!...
A política, a economia... Não, isso é apenas prosa, ponto.
Não quero ouvir as palavras
que impedem de ver
e sentir a verdade , (aletheia, diziam os antigos gregos)
que desde cedo tanto desejo
e quero sentir, Aesthetica,
sentir o espírito no corpo, como sensação única,
ser individual, existencial, pessoa.
E os dias são maravilhosos porque sensuais
desde a cor das folhas das árvores,
o chão que toco e me segura, pedestal de mim próprio
e desloco-me até onde me conduz a minha imaginação.
Eu sou a minha imaginação, mais que as coisas em que habito.
II
Adoro estes dias de outono ao entardecer,
são frios e a luz embeleza as árvores
que da sombra se destila das colinas de nuvens até às chamas crepusculares.
Vou e sigo as ruas de passeios empedrados
e históricos de tão gastos pelos mares de gente a passar
e são luz e contraluz que me choca o olhar
faço o caminho em contramão de ilusão
alojo o sonho
mesmo que haja mais nuvens de fogo
a enrolarem-se no mar.
Atiro-me em frente do meu caminho e que vejo?
Relâmpagos a saírem do mar
desfazem-se em centelhas na duna
eis uma torrente a inundar-me de mar.
As ondas enrolam-se em ternuras de mãos
e são auréolas em regaços de águas matinais
És mulher
és onda
és nuvem
e os cabelos são carícias em rochas
envoltas em madeixas frondosas a escorrerem tardes outonais
gaivotas fugidias de voos picados no mar
recolhem a presa tão desejada
mulher ou sonho?
Brinquedos anelados seguram dedos finos
e as mãos são frescas e lustrosas,
conduzem veados das dunas até ao mar
enrolam-se na areia fina de brilho estelar,
e as tuas ideias fluem em mim
luz anosa de exausto serviço natural…
e as tuas faces de rosas doiradas ao amanhecer-
recendem em centelhas a incandescer as fontes,
e ondulam jorros de luz a quebrar ao céu.
Mulher!...
Vens donairosa de ternura à planura do corpo
guias em brisa ao romper da alva
levitas na minha mente como suave asa
desejo ser mais que um corpo sensual
madrugada perene na planura do teu corpo
vitória da luz sobre a treva…
és deusa ou és mulher?!...
Autor: Ismael Malhadas Vigário
19/12/2014
Veio o companheiro Castro, secundado pelo nosso presidente Vieira, sugerir-nos que lembremos aqui, o que foi a nossa primeira vez. Mas, será este o momento ideal, será que já estamos tão adiantados na idade, ao ponto de sentirmos tanta saudade do passado? Enquanto eu acho que não, outros há, para quem parece que sim. Refiro-me em particular ao Gaudêncio, que chegou até a pedir que nos apressemos, pois teme já só poder recordar a sua ultima vez.
Falou-nos o Gaudêncio, de fósforos de pau e de cêra e deu-nos ainda conta, de que já está na era da cêra. Só ele sabe do que fala.
Meu bom amigo Gaudêncio. Naquele meu jeito, vou tentar dizer-te o que penso a respeito .
Gaudêncio não fiques incomodado
Se algo já te pende p'ró chão
Podes ainda dar conta do recado
Se souberes usar a imaginação.
Nada interessa se é de pau ou cêra
O fósforo que o homem tem
Pois a mulher de nós só espera
Que façamos o nosso trabalho...bem.
Aproveito para a todos desejar, um "santo" e feliz Natal .
Aquele abraço
Zé Lamas
Meus caros amigos:
Voltei.
E voltei para agradecer a todos os que já responderam à Sondagem sobre a Palmeira.
Já responderam 26 associados!
(Outros mais ainda vão responder!)
Esta é a prova de que há interesse na nossa Palmeira e disponibilidade para ajudar o Grupo Coordenador. O que é muito motivador.
Obrigado a todos.
Uma Estrela!...
No caminho chegam uns peregrinos: José e Maria …
esta mulher, que é virgem traz na mala um prémio
diferente de todas as nossas prendas
e que a Humanidade tanto procura
à custa de tanta dor!...
Este casal é pobre de haveres,
mas traz risos de tanta ternura
que mais tarde ou mais cedo
alguém compreenderá seu segredo.
Há quem lhes chame inconscientes,
pois pobres e com um menino entre palhas
de uma tão pobre manjedoura!...
A nossa riqueza, sentirá Myriam e Jouseph ,
na contemplação do pimpolho a espernear,
não são riquezas,
apenas gestos deste nosso olhar:
estamos embebidos de sonho a gozar
de maneira estranha a nossa filiação,
parece um de nós e já não é um de nós,
ao vê-Lo, assim, tão desvalido
a jazer em tanta pobreza
sai d’Ele tanta ternura
que vai inundar de luz todo o mundo!...
Ainda há pouco estava tão ocupada – sentiu Maria em silêncio
mal olhando para José – e não fosse sentir-se perturbada:
Este Menino é pequenino,
Seus olhos são feitos de estrelas,
saem para além da cabana
e aquecem tudo à Sua volta!...
Ora vejam, lá, a reacção de Maria e de José,
ainda há pouco parecia o nosso filho,
agora vemos sair d’Ele tanta luz
e ficamos perturbados
sendo Ele um ser tão pequenino!...
Era a nossa riqueza,
sentíamo-Lo nosso
e parecia-se connosco!...
Mas é demais parecer apenas nosso
sendo Ele toda a Humanidade!
Este Menino é já nossa luz
e ilumina com tanta intensidade
qu’ Esta Estrela deixou de ser nossa
e passou a ser de toda a Humanidade.
Os Seus pezinhos mexem-se tanto!...
Como segurá-Lo neste espaço tão pequenino?...
Tem o pezinho na boca e ri-se de satisfação
que já não posso vê-Lo aqui só para nós,
dêmo-Lo a todos os homens
e vejam como é viver com um Menino
que de nós tão pouco tem,
e d’Ele tudo o que é bom nos vem!..
Autor: Ismael Malhadas Vigário
Assim como que em jeito de confissão quase no fim da estrada, falo.
Já não estou minimamente preocupado (ocupado antes de agir…) com o que os outros dizem ou pensam de mim. E tenho boas razões para não me pré-ocupar.
1ª. O meu relógio de sala diz-me que já não dispõe de muita corda de tempo que justifique eu tentar mudar seguindo caminhos percorridos ou apontados por outros para a minha viagem. O meu caminho está traçado e, na sua maior parte, percorrido. Feito por mim.
2ª. Ainda que o meu relógio de sala fosse benévolo e me concedesse tempo suficiente para tal mudança, não me concederia, de certeza, noites claras para verificar se consegui ou não implantar tal mudança. Portanto, sou como sou e como hei-de ser.
3ª. Se subir à Palmeira que verei? O mesmo que vi quando ali entrei em 1958. Portanto, só me interessa ver o que vi. Isto, por mais que eufemisticamente se chame Quinta da Barrosa ao Seminário de Cristo Rei onde me fiz tal como sou… hoje com alguma casca molhada e coberta de líquenes que até a embelezam.
4ª. O que me agrada é saber a opinião de todos sobre aquilo que nos pode interessar para melhor e com mais Paz podermos viver na Pólis, na nossa pequena Pólis que é a AAAR. Em concreto: sobre a revista Palmeira.
Diz-me, amigo, à média de 1 ou 2 exemplares por ano, quantos mais publicaremos?
Como não relativizar todo o arrazoado, por vezes sobrecarregado de emoção descontrolada e desprovido de razão “racionalizada”, que nos incendeia inutilmente? The time is over? Ainda não mas…
Do tempo que temos, já quase só podemos esperar um pedaço de pão, um copo de vinho e uma conversa amiga sem tema programado.
Isto (também…) a propósito de quê?
A propósito de que, como sabes, está a decorrer uma Sondagem de Opinião (enviada por mail para todos os colegas de quem possuímos o endereço electrónico), sobre a nossa Palmeira.
Esta Sondagem foi pensada e concretizada devido a vários motivos entre os quais (embora não mais importante) está uma intervenção na última Assembleia Geral (penso que do Aventino, mas não tenho a certeza) que dizia mais ou menos isto: “Que me conste nunca ninguém pediu a opinião sobre a revista Palmeira!”
Então, ela aí está. E vai ser-nos muito proveitosa, penso.
Em menos de 24 horas já obtivemos 18 respostas.
Algumas delas com sugestões muito interessantes.
Era isto.
Se recebeste esta Sondagem, responde quanto antes.
Se, por acaso, não a recebeste e pretendes recebê-la, envia o teu mail para mim. É este o meu:
Bom Natal para todos vós juntos das vossas Familias.
Arsénio
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