2014-12-14
Ismael Malhadas Vigário - Braga
Uma Estrela!...
No caminho chegam uns peregrinos: José e Maria …
esta mulher, que é virgem traz na mala um prémio
diferente de todas as nossas prendas
e que a Humanidade tanto procura
à custa de tanta dor!...
Este casal é pobre de haveres,
mas traz risos de tanta ternura
que mais tarde ou mais cedo
alguém compreenderá seu segredo.
Há quem lhes chame inconscientes,
pois pobres e com um menino entre palhas
de uma tão pobre manjedoura!...
A nossa riqueza, sentirá Myriam e Jouseph ,
na contemplação do pimpolho a espernear,
não são riquezas,
apenas gestos deste nosso olhar:
estamos embebidos de sonho a gozar
de maneira estranha a nossa filiação,
parece um de nós e já não é um de nós,
ao vê-Lo, assim, tão desvalido
a jazer em tanta pobreza
sai d’Ele tanta ternura
que vai inundar de luz todo o mundo!...
Ainda há pouco estava tão ocupada – sentiu Maria em silêncio
mal olhando para José – e não fosse sentir-se perturbada:
Este Menino é pequenino,
Seus olhos são feitos de estrelas,
saem para além da cabana
e aquecem tudo à Sua volta!...
Ora vejam, lá, a reacção de Maria e de José,
ainda há pouco parecia o nosso filho,
agora vemos sair d’Ele tanta luz
e ficamos perturbados
sendo Ele um ser tão pequenino!...
Era a nossa riqueza,
sentíamo-Lo nosso
e parecia-se connosco!...
Mas é demais parecer apenas nosso
sendo Ele toda a Humanidade!
Este Menino é já nossa luz
e ilumina com tanta intensidade
qu’ Esta Estrela deixou de ser nossa
e passou a ser de toda a Humanidade.
Os Seus pezinhos mexem-se tanto!...
Como segurá-Lo neste espaço tão pequenino?...
Tem o pezinho na boca e ri-se de satisfação
que já não posso vê-Lo aqui só para nós,
dêmo-Lo a todos os homens
e vejam como é viver com um Menino
que de nós tão pouco tem,
e d’Ele tudo o que é bom nos vem!..
Autor: Ismael Malhadas Vigário