2015-03-30
Arsénio Pires - Porto
Este post do Aventino levantou-me da modorra em que bocejava frente ao computador.
Sempre o Aventino, o saudavelmente provocador.
E aqui vou eu.
Haverá diferença entre interior e exterior?
Serão o mesmo ou haverá túneis ignorados entre eles?
Serão espelho um do outro?
Qual deles será o mais importante?
Existirá um interior e um exterior?
Interior ou exterior a quê ou a quem?
Poderíamos filosofar até ao tédio final. Nego-me a inutilidades.
Mas, como estamos em maré de citações, aqui vão duas que muito aprecio e muito me têm orientado ao longo dos dias. Ei-las:
“É por dentro das coisas que as coisas são.” (Sebastião da Gama)
“O essencial é invisível aos olhos.” (Saint Exupéry)
Vem isto a propósito do exterior com que os tais “do Seminário” foram acompanhar o que restava do seu amigo (o exterior dele?). E éramos 25… Les Misérables.
Destes 25, pelo menos 5 (que me lembre) acompanharam o interior do nosso amigo. No hospital. Lá onde o interior se vai desfazendo e um aperto de mão, com palavras quentes prometendo próximas lampreiadas e favadas, representa o que de mais belo, sincero e importante há no mundo que se adivinha cada vez mais distante através da janela que se fecha escura logo que as visitas vão para casa… e o silêncio cai como granito. Alguns daqueles 5 Misérables (ou todos?) saiam com lágrimas a assomarem-se ao exterior borbulhando a partir do tal interior.
Eles… sem gravata preta. Sem fato ao rigor. Com o fado que canta: “Quando eu morrer, rosas brancas/ ninguém mas venha of’recer.”
Que frágeis e curtos são os nossos dias e noites.
O pó cobrirá as nossas vestes.
E o vento levantará o pó sobre as lápides do tempo.
Dos nossos tempos.