Embora tardiamente, desejo a todos os AARs uma Páscoa de vera saúde e felicidade, sejam mais antigas ou recentes, mais ou menos intensas, as saudades que a todos nos atingem.
António M. Rodrigues
Meus caros,
O melhor siginficado que podemos dar à tradição da Páscoa é não nos esquecermos de a relembrar e celebrar.
Estando nós em pleno séc. XXI, onde a palavra "liberal" parece ter cada vez mais força, já muitos da minha e da vossa geração se esquecem de pensar ou meditar, nesta época festiva/religiosa. Uns ainda vão cumprindo, outros não ligam e outros ainda sabem que à sexta não se pode comer carne.
Portanto, a verdadeira celebração que podemos ter nesta Páscoa, é estarmos juntos daqueles que nos pertencem e falarmos à mesa, nem que seja por 5 minutos, sobre a ressureição de Jesus e lembrarmos o verdadeiro significado, destes dias.
No meu caso, digo-vos que de vez em quando lá me esqueço de comer o peixe em algumas sextas, mas concerteza que não me esqueço do significado da Páscoa.
Na cidade onde vivo e vivi a maior parte destes 25 anos, é a semana mais bonita do ano. As casas brilham, as ruas ficam todas embelezadas com um cheiro puro de flores...Anda tudo de cara lavada, poucos trabalham no comércio e muitos em casa ajudam nas lides domésitcas.
Apareçam em Braga, nestes dias! E não se esqueçam, sejam malandros e que vos saiba bem o Cabrito assado com batatinhas e do pão-de-ló com queijo D.Pedro.
Boa páscoa para todos...e como dizia o outro: Voltarei em breve!
Peinado Jr.
A chegar do café tinha em cima da minha secretária a nossa PALMEIRA. Abri-a assim de relance e (que quereis) fiquei de boca aberta, linda que ela está; desta vez com uma colaboração muito bem concebida, bom aspecto gráfico e muito bom papel. Poderá não ser uma “Lady” sofisticada mas é, certamente, uma satisfação para a nossa alma de AARs; e é para nossa fruição que ela existe, por isso, tudo o que se disser a mais serão palavras desencontradas. Não me tendo pedido o Arsénio uma colaboração específica fiquei, no entanto, surpreendido com a publicação de um pequeno texto que em tempos inseri no FaceBook e que ele aproveitou para este número. Caro Arsénio, entendo que se trata de um trecho de pouca monta ou interesse escrito em tempos de fogoso romantismo e que já viraram saudade; só lhe agradeço a atenção e não me “roubou” nada. Parabéns a toda a equipa da Redacção.
Depois de ver o programa preliminar do nosso passeio a realizar em Maio só quero exprimir uma opinião; a de que fiquei muito agradado porque ele vem de encontro á sensibilidade minha e de minha mulher: embora lugares muito conhecidos são, contudo, lugares míticos e próprios para ser vistos, revistos, “trevistos” e “retrevistos”. Aliás, considero que um AAR é uma pessoa “superior”, pela sua educação, pela sua postura na vida, pela sua sensibilidade á Beleza, á Arte, á Monumentalidade, á História, ás Maravilhas naturais, a toda a Cultura: porque não, também, pelo seu gosto de bons acepipes e néctares (dádivas de Deus), cabritadas, lampreiadas, mariscadas, favadas e tudo que sirva para nos juntar á volta dum sagrado lenho em fraterna comunhão. Muito bem, caro Arsénio, pelo seu fino gosto. Magnífico! Conte, desde já, conosco, caso assim Deus o permita!
Este post do Aventino levantou-me da modorra em que bocejava frente ao computador.
Sempre o Aventino, o saudavelmente provocador.
E aqui vou eu.
Haverá diferença entre interior e exterior?
Serão o mesmo ou haverá túneis ignorados entre eles?
Serão espelho um do outro?
Qual deles será o mais importante?
Existirá um interior e um exterior?
Interior ou exterior a quê ou a quem?
Poderíamos filosofar até ao tédio final. Nego-me a inutilidades.
Mas, como estamos em maré de citações, aqui vão duas que muito aprecio e muito me têm orientado ao longo dos dias. Ei-las:
“É por dentro das coisas que as coisas são.” (Sebastião da Gama)
“O essencial é invisível aos olhos.” (Saint Exupéry)
Vem isto a propósito do exterior com que os tais “do Seminário” foram acompanhar o que restava do seu amigo (o exterior dele?). E éramos 25… Les Misérables.
Destes 25, pelo menos 5 (que me lembre) acompanharam o interior do nosso amigo. No hospital. Lá onde o interior se vai desfazendo e um aperto de mão, com palavras quentes prometendo próximas lampreiadas e favadas, representa o que de mais belo, sincero e importante há no mundo que se adivinha cada vez mais distante através da janela que se fecha escura logo que as visitas vão para casa… e o silêncio cai como granito. Alguns daqueles 5 Misérables (ou todos?) saiam com lágrimas a assomarem-se ao exterior borbulhando a partir do tal interior.
Eles… sem gravata preta. Sem fato ao rigor. Com o fado que canta: “Quando eu morrer, rosas brancas/ ninguém mas venha of’recer.”
Que frágeis e curtos são os nossos dias e noites.
O pó cobrirá as nossas vestes.
E o vento levantará o pó sobre as lápides do tempo.
Dos nossos tempos.
15 horas. Março. Igreja de Santo António das Antas. Porto.
Dos longos silêncios se ouvia tudo. Aves sobrevoavam. Vozes surdidas surdiam sentimentos, "os meus sentimentos" repetidamente. Aqui e ali lágrimas contidas, flores, sinos vazios, o momento já não espera a morte. A um canto uns, noutro canto outros, AAR´s como se fossem saídos do Les Misérables de Victor Hugo ou das catacumbas do Fantasma da Ópera. Triste a nossa figura em momento solene,
(e os padres, do alto da Quinta da Barrosa, "o exterior reflecte o interior"),
AAR´s de camisa aberta, os casacos e os Kispos desbotados, calças enrodilhadas, séculos de ferro de engomar sem por ali passar, sapatos conspurcados, sujos, envergonhando alguns outros que também são AAR´s e souberam estar à altura da nobreza que o momento impõe.
"O exterior reflecte o interior" e a barba por fazer, os olhos enxarcados, o cabelo desgrenhado. Triste a figura em dia de despedida.Que alma nos corre? desiludida, vazia, miserável? Como poderemos dizer que somos REDENTORISTAS, filósofos, teólogos, poetas, escritores, advogados, intelectuais elevados á categoria de imortais, se passeamos esta triste figura exterior de abandonados do desencanto?!
(Ensinaram-nos que é preciso respeitar os vivos e honrar os mortos ou qualquer outra coisa assim ou o seu contrário!) Ou não ensinaram?!
Quando a missa acabou, aportámos à porta da igreja. O sol inclinado perturbava o olhar. Ao portão havia pessoas, gente acumulada, diálogos. Um grupo destacava-se:
maltrapilhos, velhos, em cavaqueira de café como se o momento fosse de cavaqueira de café.
"Arrumadores de carros nesta hora"? alguém disse ao meu lado, surpreendido pela visão do número que compunha o lote. Não, respondeu outrem. São do Seminário. E fez-se novamente silêncio.
Quando eu morrer quero ver-vos assim, de novo. Para que vos possa dizer "queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável"?(Fernando Pessoa), Levanto-me do caixão, pego nas moedas que ali me deixaram para pagar ao barqueiro e dou-vos. Haverá sempre algum adeleiro por ali perto.
Um pouco mais de luz e eu era belo;
" um pouco mais de sol - eu era brasa". (Mário de Sá-Carneiro)
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