BEJA, A PLANÍCIE SEM SOMBRAS
Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia.
Todas as aves partem para sul
todas as aves: como a poesia.
Manuel Alegre
Já bebemos o rio douro, desde o alto da Galafura. E com o douro, veio o norte vinhateiro, e o vinho espiritual que se derrama em cascatas por esses épicos socalcos. Subimos a montanha sagrada do maciço central, onde os deuses se refugiam da nossa distracção, criando abismo de vertigem e de mistério. Águas abundantes, vales paradisíacos, cobiças alheias, refúgios primitivos de cristãos e mercenários. Consequentemente, castelos semeados pelos montes, grossas muralhas envolventes, definição de fronteiras sempre em risco. Tabém já provámos as paisagens do sul muçulmano e o doce clima mediterrânico que as alimenta. Em suma, pequenas incursões no belíssimo rectângulo que se expande paralelo ao Atântico, sempre a abrir-nos caminhos novos, sempre a surpreender-nos com uma diversidade de encantos e múltiplas sugestões de outros itinerários. A nossa memória associativa alimenta-se desta energia, que é prazer, cultura, comunidade. Isto é, um conjunto de actos quase litúrgicos, com regras mínimas, preços módicos e um resultrado claramente superior ao investimento. Sem estes encontros, promovidos em espontâneo voluntariado, a Associação tenderia a definhar e a perder toda a sua significação. É sabido como ela não tem herdeiros. A sua vitalidade está a prazo. Mas podemos prolongar-lhe uma existência de qualidade por muito tempo e para benefício real de muita gente.
Desta vez, o destino é a planície, o alentejo sem sombras. Campos abertos, carregados de luz, onde recentemente chegou a água. E os efeitos começam a ver-se. Olivais, trigais, laranjais e tudo o que acaba em ais, como vinhedos, desportos , turismo de excelência, tudo isto faz deste imensa e variada paisagem um tempo de ser feliz. Embora a terra seja pouca para muitos e muita para poucos, numa síntese feliz de Alegre, a planície é hoje um lugar disputado pelos mais diversos interesses de ordem económica, turística, cultural, gastronómica. Porém, nem isso atrai o turista português, mais habituado ao ouvido que à experimentação. A A2 rasgou uma via rápida para passar de lado e ao largo, na pressa de mergulhar nas águas quentes e comuns do Algarve. Beja, Évora, Elvas e Portalegre ficam de fora destes itinerários parasitas, que arrastam sazonalmente os nossos corpos e as nossas mentes, em turismo de massas, para um sul estranho, abarrotado e caótico. O Alentejo interior e até o litoral, apesar das muitas iniciativas autárquicas a promovê-lo e a equipá-lo de múltiplos focos de atracção, são em grande parte desconhecidos do grande público português. Passam e não reparam. É a cultura da imitação, do magote, do ruído institucional. Beja dá-nos silêncio, serenidade, horizonte. O ar é puro mas no verão transforma-se em fogo. Mas este fogo não resiste ao sumo vital da uva, branca ou tinta, que, por vales e cabeços, arrasa as sedes mais asfixiantes . Ver Beja e terras adjacentes é iniciar-se na arte de descobrir gostos e sabores, em que os corpos e as almas se equilibram harmoniosamente, como se fossem felizes.
Ó gloriosos filhos da palmeira, vinde por aí abaixo sem remorso nem hesitações!!! Vinde e iniciai-vos na arte desta descoberta. E prometer-vos-eis que haveis de regressar. Porque nós fomos feitos para a luz.
PS. Desculpem as alterações programáticas da última hora. Sobretudo o M.Ribeiro, que dá cartas sobre o assunto. Assim, teremos de voltar à primeira forma, em virtude das altas temperaturas previstas para esses dias. O sábado não sofre alterações. Mas no domingo, após o pequeno-almoço, partiremos de imediato(8.30) para Serpa, aproveitando a frescura matinal. Duas horas depois, tomamos o rumo da barragem do Alqueva, com uma pequena paragem em Moura para um café repousante. Vamos finalmente almoçar ao restaurante "País das Uvas", inicialmente proposto. O motivo da alteração anunciada foi ultrapassado, pelo que o almoço de encerramento da jornada será em Vila de Frades(Vidigueira), com a duração aproximada de três horas.
Muito bem, rapaziada amiga, não há mal nenhum na mudança do restaurante para o almoço de despedida, sobretudo para o que foi anunciado. Esta alteração para mim até tem uma certa piada, pois já o conheço por lá ter comido uma vez. De facto, e como dizem, o mundo é mesmo pequeno, não há dúvida. Como vedes, se me quiserdes contratar para cicerone para essas bandas cá estou eu e acho que não vos deixaria ficar mal. Até lá então.
ENCONTRO DE BEJA
Por motivos de doença inesperada do dono do restaurante “País da Uvas”, na Vidiguei-ra, onde tencionávamos ter o nosso “Almoço de Despedida”, tivemos que fazer uma pequena alteração ao programa inicial.
Assim, o nosso percurso não incluirá Vidigueira. Sairemos, então, de Beja directamente para Alqueva, onde visitaremos a barragem, e rumaremos, passando por Moura, até Serpa onde teremos mais tempo para visitar o Museu dos Relógios e o Museu Etnográ-fico. Aqui teremos o nosso “Almoço de Despedida” no restaurante
Restaurante“MolhóBico” RuaQuente Nº1 Serpa
(+351) 284549264 Ver: molhobicoserpa@hotmail.com
Participantes no Encontro
Casais:
António Gomes e Balbina
António Martins Ribeiro e Conceição
António Peinada e Zulmira
António Rodrigues e Silvina
Arsénio Pires e Carolina
Augusto Lontro e Conceição
Bernardo Cardoso e Luísa
Delfim Pinto e Dulce
Domingos Nabais e Micas
Eugénio Campos e Matilde
Fernando Campos e Joana
Francisco Varandas e Maria de Lurdes, e Ana (neta)
Jerónimo Lopes e Lídia
José Eugénio e Maria do Céu
José Maria Pascoal e Fátima
José Maria Pedrosa e Manuela
Luís Guerreiro e Irene
Manuel Simões Santos e Adelaide
Mário Lage e Adília
Individuais
Alexandre Gonçalves
António Fernandes da Silva (Meira)
Davide Vaz
Francisco Assis
Júlio Alves
Ricardo Morais
Inscrições sem viagem no Autocarro:
Alípio Pinto (almoço de sábado e Visita de Beja)
António Vaz e Guida
Fernando Viterbo e Carolina (programa completo)
Manuel Fraga e Nelli Holmes (programa completo)
A casa do Assis, lá no monte de onde se avista o mar, acolheu ontem 20 pessoas e ainda cabiam mais uns pratos, com um solinho a mostrar o encanto das serranias e a verdejante natureza.
Fomos à “Favada” da criação do Assis e pareceu-me um dia curto.
Umas entradinhas de queijinhos curados muito bons, enchidos e umas alheiras passadas na brasa vindas dos lados do Douro, magníficas, broinha de milho, vinhos vários acalentaram as almas.
Antes já dera abraços largos ao Adolfo, ao Morais e ao Alexandre vindos de longe e também aos costumeiros e ao Guerreiro e esposa que estão por cá de férias.
Cestinhas de cerejas convidavam à prova.
Na brasa o Zé de Castro e o Meira davam ao fole e dali saíram umas costelinhas e uma boa posta no ponto.
Um tacho grande de favas criadas pelo Assis apurava sabores com o chouriço, presunto e o toucinho magro, com os aromáticos certos. Ao lado a panela de um arroz farto de aromas e sabores completou a ementa e distribui-se pelas 2 dezenas de pratos.
Depois vieram sobremesas magníficas, mesmo boas a completar o repasto, onde não faltou o cafezinho, as aguardentes e os licores. Conversamos, convivemos e dissemos para outros lerem: como foi bom ir a Orbacém ! Um obrigado grande ao Assis e à esposa pela grande disponibilidade e um obrigado a todos os que estiveram presentes pela forma tão agradável que deram às horas que ali vivemos.
O nosso colega Fernando Echevarria lançou mais um livro de poesia intitulado “Categorias e outras paisagens” da editora Afrontamento e só o soubemos pelo artigo da revista ATUAL que acompanha o Semanário Expresso, da autoria de Pedro Mexia, que lhe dedica uma página inteira.
O artigo vem titulado “uma austeridade feliz” e depois diz : De Fernando Echevarria, o mais intemporal dos nossos poetas, eis uma obra extensa e densa, em que o acto de ver é pensamento”
São poemas breves, mas sempre densos e subtis numa edição com 512 páginas e um formato a que já nos habituou. Um abraço de parabéns ao Echevarria.
Beja é já no próximo sábado e é importante o cumprimento dos horários sobretudo em Gaia, estando prevista a partida do autocarro para as 6h29 para que a chegada a Lisboa seja pelas 10h00.
relembro que o colega Sampaio Gomes apresenta o seu livro na próxima Quarta Feira em Gaia, pelas 18 horas, conforme consta na minha mensagem anterior.
A casa acolhe quem quer aparecer
P'ra comer favas e cumprir a trdição
Estou ocupado tenho coisas a fazer
Com pena minha vou ter que dizer não
Mas outro evento me causa inveja
pois pontificar por lá eu não me vejo
Estou a falar do encontro de Beja
Que é lá p'rás bandas do Alentejo
Aquele abraço
Zé Lamas
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